São Paulo – Pouco pesam 45 preciosos votos do PSBD, 35 do DEM e outros nove do PPS ao destaque ruralista que anistia quem ocupar ambientes que deveriam estar blindados, transfere aos estados poder de legislar sobre áreas de preservação e desobriga proprietários de reflorestar terrenos já desmatados. Essa tríplice aliança que se notabilizou por assumir o discurso da direita na última eleição, não conseguiria, com seus 89 votos, aprovar a Emenda 164, que assegurou o caráter devastador da votação do novo Código Florestal.

O ônus do episódio recai mesmo sobre alguns dos mais preciosos integrantes da base supostamente aliada que não acompanharam a orientação do Planalto: o PMDB, pelo peso numérico, e o PCdoB, pelo valor político de sua fidelidade histórica, a cada dia mais sensível a conveniências regionais. O partido do vice-presidente da República garantiu 72 de seus 73 votos presentes no plenário à Emenda 164. O partido do relator Aldo Rebelo emprestou o apoio de 12 de seus 13 votantes. 

Some-se aí outros sete votos cravados no “sim” por nobres companheiros do PSB (de um total de 29 presentes) e chega-se ao cabalístico número 91, exatamente a diferença que separou os 182 votos no “não” dos 273 que disseram “sim” aos ruralistas.

Moral da história: a bancada do agronegócio foi mais efetiva em sua articulação e pôs sob suspeição a coesão da base aliada. A oposição conservadora, em plena crise existencial, silenciosamente comemora vitória sem precisar expor-se à opinião pública. Os “créditos” para a lambança ficam para a coalizão governista e, segundo se ouve nos corredores do Congresso, à debilidade de sua coordenação política.

 Fonte: Câmara dos Deputados – Coordenação do Sistema Eletrônico de Votação