MST culpa atrasos do Estado brasileiro por prisões no interior paulista

Gilmar Mauro, da coordenação nacional do movimento, afirma em Porto Alegre que Justiça deveria ser ágil na reforma agrária, e não na criminalização dos pobres

Direto de Porto Alegre – O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) afirmou nesta quarta-feira (27) que a prisão de militantes no interior paulista é fruto da demora do Estado brasileiro em definir as questões agrárias.

Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST, encurtou sua estada no Fórum Social Mundial em Porto Alegre para cuidar da questão dos nove detidos desde a noite de terça-feira (26) por ordem da Justiça de Borebi. As prisões fazem parte da Operação Laranja, que acusa integrantes do movimento sem-terra de formação de quadrilha, furto qualificado e invasão de propriedade. As acusações são fruto da investigação aberta após a ocupação, em outubro de 2009, de uma fazenda da empresa Cutrale entre os municípios de Iaras, Lençóis Paulista e Borebi.

O MST aponta que a enorme propriedade da empresa produtora de sucos de laranja é fruto de grilagem e que, na realidade, a área pertence ao Estado e deveria ser destinada à reforma agrária.

Gilmar Mauro não tem dúvida de que há um erro do Judiciário e do Executivo na questão. “Tivemos que fazer ocupação, tivemos que fazer luta para que o Estado arrecade uma terra que é sua e que está sendo utilizada por grandes grupos e que já deveria ter sido feito o assentamento há muito tempo. Não precisava ter havido esses problemas se o Estado fosse ágil e se a Justiça fosse ágil nos processos de reforma agrária como é na criminalização dos pobres e dos movimentos sociais”, afirma.

Entre os detidos estão a vereadora de Iaras Rosimeire Pan D’Arco, a Rose, do Partido dos Trabalhadores (PT). Os advogados do MST ainda tentam acesso aos detalhes da investigação para definir qual a melhor maneira de conduzir o caso. Há dez mandados de prisão expedidos que não foram cumpridos até o momento.

Gilmar Mauro evita falar se o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), tem interesses eleitorais em apoiar a prisão de integrantes do MST, mas lembra que o tucano sempre apoiou a repressão aos movimentos. “O que há em São Paulo é um claro processo de paralisia nas arrecadações de terra no caso do Pontal do Paranapanema, que aí são terras devolutas, pertencem ao estado de São Paulo. E o projeto que o governador enviou à Assembleia Legislativa é de privatização e regularização das terras aos fazendeiros, ou seja, aos grileiros daquela região”, critica.

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