O operário da fotografia

João Zinclar Lima morreu em acidente no dia 19 de janeiro deste ano

    O ônibus no qual viajava o fotógrafo foi atingido por um caminhão que vinha em sentido contrário e atravessou a pista da BR-101. João Zinclar Lima Silva, que retornava de um trabalho em Ipatinga, em Minas Gerais, nasceu em Rio Grande (RS), em 13 de agosto de 1957. Era o mais velho de cinco irmãos. Desde jovem, teve o espírito aventureiro, que marcou a sua carreira. Aos 18 anos, saiu de casa e virou hippie. Aos 30, começou a trabalhar como encanador mecânico. Depois, foi metalúrgico – de 1985 a 1996 – e  diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região. Em 1987, conheceu a professora Sílvia Ferraro, então militante do movimento estudantil, com quem ficou junto por oito anos – desde 1993. Da relação nasceu Vitória, sua única filha e a maior paixão.

     O trabalho de Zinclar ficou conhecido em Campinas, cidade em que morava, mas ele fotografou por todo o país. Com seu olhar sagaz, ele eternizou as lutas dos trabalhadores, dos indígenas e dos Sem Terra. Por cinco anos, ele fotografou os ribeirinhos do Rio São Francisco, experiência que culminou na publicação da obra O Rio São Francisco e as Águas no Sertão. Em Limeira, ele registrou um momento importante da história política da cidade, quando a população foi à Câmara Municipal, em fevereiro de 2012, pedir a cassação do então prefeito Sílvio Félix, acusado de atos de corrupção – ele foi tema de exposição um ano depois. “Mudar o mundo é uma tarefa muito maior do que a fotografia. Mudar o mundo é ter milhões de pessoas na rua em movimento contra os opressores, contra as ditaduras,  isso muda o mundo” – disse João Zinclar numa entrevista.