Império Júnior, uma sacada que envolve 130 crianças

O que faz um metalúrgico do Jardim Novo Horizonte para tirar a molecada da rua

Ricardo e os meninos: um treino de vida (Foto:Dalva Radeschi)

Há um ano e meio, o metalúrgico Ricardo Antônio Nogueira, 32 anos, sentiu a necessidade de dar às crianças do bairro em que vive uma atividade para que elas não ficassem nas ruas. Nascia assim o projeto Império Júnior, no Jardim Novo Horizonte, que conta hoje com quase 130 crianças, de até 17 anos, entre as quais seis meninas. Para tocar o plano, Ricardo dividiu sua “tropa” em categorias e passou a treiná-las: às quartas-feiras treina a molecada do sub-8 ao sub-13, os demais treinam às quintas-feiras, depois das 17 h. Aos sábados, todos treinam pela manhã, quando não há jogo. 

Ricardinho, como é tratado pela molecada, trabalha muito tempo sozinho no projeto, mas não reclama. “Cada vez chegam mais crianças” – diz.

Diante disso, o jeito foi se achegar de parceiros. A Associação de Moradores do Jardim Novo Horizonte, por intermédio do diretor de esportes, Expedito Antônio Artur, 53 anos, doou um jogo de uniforme e agora batalha na Prefeitura pelo campo de treino dos garotos, que está quase abandonado, com mato alto, sem alambrado. “Quando chove, não há como treinar devido ao barro” – diz ele. 

Outro parceiro, no grupo há seis meses, é Sílvio Marcolin Vieira, 33 anos, pai de dois filhos. Sílvio conheceu o projeto pelo filho, num jogo, e se encantou. “Enquanto os adversários entram em campo com uniforme completo, os meninos do projeto entram com uma camisa branca com detalhe verde, com o calção e o meião que trazem de casa, um de cada cor” – diz Sílvio. Hoje, ele é responsável pelo sub-11 e categorias menores; Ricardo fica com os maiores. Sílvio também procurou, por exemplo, seu Aparecido, que não entende nada de futebol, mas contribuiu com um segundo jogo de uniforme. 

Ricardinho e Sílvio acompanham o desempenho das crianças na escola. Quem não vai bem nas notas e no comportamento, não participa dos jogos. Entre os meninos, há o compromisso de não circular nas ruas até altas horas. “As dificuldades são muitas” – diz Ricardinho. “Faltam uniformes, coletes coloridos para dividir os times, bolas, o campo de treino é precário. Além disso, falta um projeto específico para as meninas. Há casos, como o de Tamires, “uma excelente atleta, mas o preconceito ainda é grande e em alguns eventos ela é impedida de participar” – conta. Porém, para o Campeonato Municipal de 2011, que começa em abril, a participação de Tamires no sub-11 está garantida no time Império FC, que disputará também na categoria sub-8.