Trabalho

Saúde do trabalhador preocupa sindicatos e entidades

Evento discutiu assédio moral, metas abusivas e adoecimento que pode levar à morte

Foto de divulgação

O assédio moral se caracteriza por violência psicológica e comportamentos abusivos reiterados

A saúde do trabalhador preocupa sindicatos e entidades de Barretos e região. O assunto foi tema de debate, no dia 9 de maio, durante a Semana do Trabalhador, no Instituto Superior de Educação de Barretos (ISEB). O evento foi organizado pelo Sindicato dos Bancários de Barretos, com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência no Estado de São Paulo (Sinsprev/SP), Instituto João Falcão, Projeto Conhecer, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Escola Estadual Prof.ª Paulina Nunes de Morais e Paróquia da Catedral.

Segundo a diretora de Saúde e Condições de Trabalho da Federação dos Bancários da Central Única dos Trabalhadores (Fetec/CUT-SP), Adma Gomes, “a violência organizacional é imposta pela empresa na forma de metas. Estas, muitas vezes, geram adoecimento físico e mental dos trabalhadores”. Ela, que também é professora da rede pública estadual de ensino, lembrou que a categoria bancária lançou a campanha “Menos meta, mais saúde”, como uma forma de combater os abusos patronais. “Muitos trabalhadores adoecem e morrem devido a doenças relacionadas ao trabalho e isso jamais é divulgado.”

Para Marco Antônio Pereira, presidente do Sindicato dos Bancários de Barretos, esses problemas enfrentados pela categoria se agravaram com as fusões e incorporações bancárias. “A alta rotatividade de funcionários no sistema financeiro com a implantação de metas abusivas contribui para o assédio moral. Somente a partir de ações judiciais é que banqueiros e sindicatos conseguiram fazer um acordo coletivo.”

Assédio moral

No debate, a advogada do Sindicato dos Bancários de Barretos, Bruna Carnaz, esclareceu que o assédio moral aos trabalhadores se caracteriza por violência psicológica e comportamentos abusivos reiterados. “O assédio moral acontece quando o trabalhador é ofendido, menosprezado, constrangido, e passa a se sentir sem valor, magoado, revoltado, perturbado, traído, envergonhado, indignado e com raiva.”

A advogada lembrou que o assédio moral pode partir de chefes e superiores, assim como de outros subordinados. Contudo, Carnaz diferenciou o assédio moral da agressão verbal sofrida esporadicamente pela maioria dos trabalhadores. “Se o chefe grita, perde um pouco a paciência, isso é uma agressão verbal.” E complementa: “As mulheres podem, ainda, ser vítimas de assédio sexual, que também é diferente”. A advogada defendeu a solidariedade entre os trabalhadores como forma de fazer cessar o assédio moral dentro das empresas.

O trabalhador exposto constantemente a situações humilhantes deve procurar o sindicato de sua categoria e relatar o ocorrido com alguma testemunha. Também é possível recorrer ao Ministério do Trabalho e Emprego, ao Ministério Público e à Justiça do Trabalho para pleitear uma indenização.

Cerest é lei

O diretor do Sinsprev/SP, Cláudio Machado, acredita que não há vontade política das prefeituras na criação dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest). “Existe uma lei específica sobre a saúde do trabalhador e recursos públicos disponíveis, mas os Centros não são implantados, como ocorreu na última gestão municipal de Barretos.” Para ele, o grande desafio do município é debater a implantação do Cerest.

Machado ainda recorda que a saúde do trabalhador é constantemente negada, embora esteja prevista nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) – mesmo destacando que a rede pública de saúde não está totalmente preparada para atender o volume de casos referentes ao adoecimento do trabalhador.

Professora desabafa no debate

A professora Sabrina Paiva Lopes pediu a palavra para fazer um desabafo. “Há assédio moral, de forma abusiva, por parte de diretores das escolas.” Segundo a educadora, os casos não são denunciados em virtude de muitos professores serem celetistas (e não terem os mesmo direitos). Sabrina também revelou que nas escolas da cidade os professores sofrem “bullying” (violência psicológica ou física explícita) por parte dos alunos. “A pior coisa que tem é ser assediado dentro de uma escola e servir de chacota não só para colegas, mas também para alunos e achar que está tudo bem. Sofremos com a violência nas escolas” – lamentou.