PSDB oficializa “bicos” para policiais militares

Governo admite má remuneração dos policiais e transfere aos municípios tarefas do Estado

Oficialização dos bicos dos PMs sobrecarrega os profissionais, sucateando a segurança (Foto: Divulgação)

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) irá estender a 123 cidades paulistas o programa Atividade Delegada, que é um convênio entre as Prefeituras e a Secretaria de Segurança Pública do Estado para a contratação de policiais militares nos municípios em dias de folga. Aprovado pela Assembleia Legislativa em novembro, o projeto recebeu votos contrários das bancadas do PT e do PSOL, que entendem que a oficialização dos bicos dos PMs sobrecarrega os profissionais, sucateando a segurança.
Para o deputado estadual
Vanderlei Siraque (PT), da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, a existência dos bicos, oficializados ou não, comprova a desvalorização progressiva dos policiais e a insegurança da população. “O ‘bico’ existe em decorrência da organização inadequada dos horários de trabalho dos policiais e da baixa remuneração. O resultado é a sensação de insegurança nas ruas – de donos de padarias, postos de gasolina, etc.” – afirma. Segundo o parlamentar, “como o policial vende o seu direito ao descanso, ele deixa de ter momentos de lazer, de reflexão e tempo livre para atividades lúdicas, como ir ao cinema. E também é privado da companhia da família, o que gera estresse, fadiga, irritação e até problemas de saúde mental”. Siraque critica a transferência da responsabilidade do Estado para os municípios na área da segurança pública.  “Entendo que isso é inconstitucional e as contas dos prefeitos poderão ser rejeitadas pelo Tribunal de Contas” – diz. Ele ressalta que a medida onera os cofres municipais e afirma que o município deve investir em educação infantil, inclusão social, drenagem urbana, urbanização de áreas degradadas e iluminação pública.

“Instituição falida”

O presidente da Câmara de Catanduva, Marcos Crip-
pa (PTB), ex-policial civil,  chama a polícia de “instituição falida”. Segundo ele, apesar de munidas de armamentos e veículos dignos de elogio, as delegacias funcionam com um quadro reduzido de pessoal, uma vez que os policiais que se aposentam não são substituídos. “A delegacia deve ter oito policiais para duas viaturas. Tinha de haver uma manifestação contra o governo, pedindo polícia para Catanduva. Não temos efetivo para combater a criminalidade” – afirma Crippa, que acentua: “O crime tomou conta de diversos bairros de Catanduva e a polícia precisa de reforços para atuar nesses locais”.