A Fazenda Morro Azul é um requintado exemplar de fazenda do século XIX. O projeto arquitetônico e a forma apalacetada da casa chamam a atenção. A decoração da fachada é feita de azulejos portugueses e ingleses e as onze palmeiras plantadas em frente da casa, doadas pelo Imperador para demonstrar a proximidade dos donos com a família real, são marcas registradas do patrimônio histórico.

A fazenda foi fundada em 1806, pelo brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão. Considerado o paulista mais rico da época, ele era dono do Palácio dos Quatro Cantos, a maior residência da cidade de São Paulo, além de ser proprietário dos Campos do Jordão, que mais tarde se tornariam uma das cidades turísticas mais famosas do Estado.

A casa da fazenda, por causa dos detalhes arquitetônicos, demorou sete anos para ser construída, ficando pronta em 1877. A arquitetura da sede da fazenda possui influências neoclássicas presentes nas colunas, telhados e adornos; e portuguesas, presentes na escadaria larga e nos azulejos – além dessas características, os jardins internos são simétricos. Durante o processo de tombamento do local, a Morro Azul foi descrita por Carlos Lemos, professor de História da Arquitetura Brasileira da Universidade de São Paulo, como “talvez o mais requintado exemplar de fazenda do século XIX”.

Entre os diferenciais da Fazenda Morro Azul estão: o interior refinado, com papéis de parede, lustres, móveis e objetos franceses do século XIX; livros raros e uma solução inovadora para a época: pias de mármore com água corrente em todos os quartos. A fazenda também hospedou o imperador D. Pedro II por duas vezes (1878 e 1886) e ficou conhecida na região como a Fazenda do Imperador. 

Poema que Oswald de Andrade dedica à Fazenda Morro Azul no livro Pau Brasil:
“Passarinhos
Na casa que ainda espera o Imperador
As antenas palmeiras escutam Buenos Aires
Pelo telefone sem fios
Pedaços de céu nos campos
Ladrilhos no céu
O ar sem veneno
O fazendeiro na rede
E a Torre Eiffel noturna e sideral”

Em 1911, a Fazenda Morro Azul foi adquirida por Luiz Bueno de Miranda, que recebeu as visitas ilustres do Coronel Cândido Rondon, do modernista Oswald de Andrade e do escritor francês Frédéric Louis Sauser. Durante a estadia, os escritores ficaram tão encantados pelo local que Oswald escreveu um poema e Sauser, utilizando seu famoso pseudônimo, Blaise Cendrars, escreveu e publicou em 1949 o romance La Tour Eiffel Siderale, que se passa na própria Morro Azul.

Atrativos para conhecer o local não faltam. A área externa é cercada por palmeiras imperiais e por uma floresta com resquícios da Mata Atlântica. Possui também um centenário jequitibá (árvore de grande porte que está em extinção). Um riacho de pedras passa próximo à gruta construída por escravos e um conjunto de salas de banho forma as Ruínas das Termas do Imperador, um raro exemplar de banho romano construído para tratar da saúde de D. Pedro II, enquanto ele estivesse hospedado na fazenda. A Morro Azul é aberta para visitações agendadas e os passeios são acompanhados por guias ou pessoas ligadas à família proprietária.