Para governo britânico crime organizado, e não crise, está por trás dos conflitos

Europa teme que acontecimentos de Londres disseminem explosão de violência no continente

Carros queimados, entre os atos de violência da juventude londrina, que incluem saques a lojas e supermercados (Foto: ©Luke MacGregor/Reuters)

São Paulo – Mais de 650 pessoas já foram detidas na Inglaterra por causa dos protestos violentos que sacudiram a capital do Reino Unido nos últimos três dias, desde sábado (6). Outras seis cidades inglesas (Liverpool, Manchester, Nottingham, Leeds, Bristol e Birmingham) também registraram quebra-quebra, incêndios e saques a lojas.

Nesta terça (9), o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que vai mandar a polícia endurecer a repressão à onda de violência cometida por jovens mascarados, como mostram fotos e imagens das ocorrências. Pelo menos uma vítima fatal foi registrada em confronto com a polícia – um homem, de 26 anos, baleado.

Ainda neste terça, não havia sinais de que o país veria o fim dos protestos. Lojas foram quebradas e saqueadas em Manchester, no noroeste da Inglaterra. O governo e a polícia inglesas insistem em atribuir os distúrbios ao crime organizado. A imprensa local já admite, porém, que as razões para os protestos podem estar ligadas  ao crescimento de um sentimento geral de incertezas de boa parcela da juventude do país sobre o futuro.

No rastro da crise financeira internacional, a vizinha Irlanda foi abalada, assim como parte do Velho Continente e da Zona do Euro. Para analistas, diante da ameaça sofrida pela Inglaterra, parte da população se sente alijada de apoio público diante de ajudas bilionárias oferecidas a bancos a partir de 2008.

Relatos de crescimento de tensão chegam de vários pontos da Europa. A Irlanda anunciou medidas para fechar as portas para novos imigrantes. Na Itália, ensaiam-se grandes protestos públicos. A França vive o pesadelo de ver repetidas as contundentes manifestações de 2005, disseminadas pela periferia de Paris.

Em entrevista à BBC, o sociólogo francês Jean-Marc Stébé, autor de diversas obras sobre as periferias das grandes cidades, afirma que “os jovens estão pessimistas” com o cenário econômico europeu. “Eles recebem propostas de trabalhos ruins e salários baixos”, disse ao analisar as possibilidades de os confrontos atualmente na Inglaterra voltarem a acontecer na França.

 

Você vai ler na Revista do Brasil de agosto como a crise na Europa está mexendo com as pessoas

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