Arias: golpistas de Honduras estão sujeitos ao ostracismo

Para presidente da Costa Rica, golpe serve de advertência para todas as democracias no continente

O presidente da Costa Rica, Oscar Arias, que nas últimas semanas tenta um acordo entre golpistas e depostos de Honduras (Foto: Rádio Mundial de Venezuela. Arquivo)

O presidente da Costa Rica, Oscar Arias, afirmou nesta quarta-feira (29) que, caso o governo golpista de Honduras não volte atrás e permita o retorno do presidente deposto, Manuel Zelaya, terá de enfrentar o “ostracismo absoluto” na comunidade internacional.

“A nação hondurenha tem duas possibilidades: ou reverte o caminho percorrido e anula certos atos, ainda que tenham sido adotados de boa fé e com a plena convicção de obedecer às leis e à Constituição, ou enfrenta o ostracismo absoluto”, disse.

Arias participa, ao lado de outros mandatários centro-americanos, além dos presidentes do México, Felipe Calderón, e da Colômbia, Álvaro Uribe, da cúpula do Mecanismo de Diálogo e Concertação de Tuxtla, que ocorre na província de Guanacaste, na Costa Rica.

Ao discursar na abertura do encontro, ele afirmou que a crise política hondurenha, desencadeada pelo golpe de Estado ocorrido em 28 de junho, serve de “advertência para todas as democracias do continente”. “Façamos de Honduras o cristal através do qual olharemos para os temas desta cúpula”, prosseguiu.

Também viajaram à Costa Rica o secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, e o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno. Arias pediu ao presidente golpista hondurenho, Roberto Micheletti, que respalde o Acordo de San José, proposta feita por ele próprio há uma semana e que prevê, entre outros pontos, a restituição de Zelaya como líder de um governo de unidade.

O presidente costa-riquenho reiterou que sua afirmação “não é uma ameaça nem um sinal de inimizade em relação ao povo hondurenho”, e sim “a reação que o Direito Internacional prevê para estas circunstâncias”.

Referindo-se ao regime golpista e seus simpatizantes, Arias ressaltou que “muitos hondurenhos demonstraram valentia ao pretender suportar a condição de marginalizados na comunidade internacional”. Ele advertiu, porém, que “essa suposta valentia prejudica o mesmo povo que pretende proteger”.

Arias lembrou que a subsistência do povo hondurenho depende do “comércio exterior, da produção interna estável, do investimento estrangeiro e da ajuda internacional”, e que “nada disso existirá se a ordem constitucional não for restabelecida”.

Desde o golpe, como forma de fazer pressão pelo retorno de Zelaya, inúmeros países e entidades multilaterais suspenderam convênios e programas de ajuda que mantinham com Honduras.