Presidente da Argentina sofre contundente derrota nas eleições

Eleições de metade de mandato de Cristina Kirchner puseram fim ao controle governista sobre o Congresso; resultado pode deixar Néstor Kirchner fora da corrida para a presidência em 2011

Eleito para o Congresso, Néstor Kirchner terá que lidar pela primeira vez com a negociação com partidos de oposição (Foto: Marcos Brindicci. Reuters)

Buenos Aires – A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, sofreu uma dura derrota nas eleições de metade de mandato que puseram fim ao controle governista sobre o Congresso e posicionaram opositores como favoritos para ganhar a presidência do país em 2011.

O revés mais duro para o peronismo governante ocorreu na província de Buenos Aires, a mais povoada do país, onde o marido e antecessor da mandatária, Néstor Kirchner, perdeu para Francisco De Narváez, um peronista dissidente, segundo mostrou na madrugada desta segunda-feira (29) uma avançada e irreversível contagem.

O tropeço pode deixar Kirchner, um político que governou a Argentina com um estilo áspero e confrontador entre 2003 e 2007, fora da corrida para as eleições presidenciais de 2011.

O ex-mandatário, considerado por muitos quem ostenta o real poder no governo de sua mulher, reconheceu a derrota com um pouco usual tom conciliador e disse que o país tem um novo marco político.

Cristina Kirchner deve substituir vários de seus ministros após os resultados das eleições de domingo, disse a jornalistas uma fonte do governo que pediu anonimato.
O governo havia apostado todas as suas fichas em uma vitória folgada na principal província argentina.

“Queremos nos sentar em uma mesa com ela (Cristina Kirchner) e com seu gabinete para colaborar”, disse um eufórico De Narváez, que pediu mudanças no estilo de gestão da presidente, que como seu marido entre 2003 e 2007 confronta abertamente opositores e importantes setores econômicos e sociais.

Néstor Kirchner se dispôs a apoiar o governo de sua mulher desde o Congresso, mas sua derrota e a perda de terreno no âmbito legislativo criaram dificuldades para que Cristina avance com sua agenda no momento em que a economia argentina se deteriora e diminui o saldo fiscal.

Os candidatos do governo caíram nos cinco principais distritos do país por população e poder econômico: a província e a cidade de Buenos Aires, Córdoba, Santa Fé e Mendoza.

O Acordo Cívico e Social, uma força de centro, converteu-se no maior agrupamento opositor não-peronista e terá o maior bloco de deputados em âmbito nacional.

Carlos Reutermann, um ex-piloto de Fórmula Um que desafiou o candidato governista em Santa Fé, foi outro dos vencedores do dia e aparece no horizonte como presidenciável pelo peronismo, já que a liderança dos Kirchner ficou muito debilitada.

Quase 28 milhões de argentinos estiveram habilitados a votar nas eleições que renovaram a metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado.

As projeções indicavam um retrocesso governista de até 18 cadeiras na Câmara baixa e a perda de quatro cadeiras no Senado, o que faria desaparecer as maiorias com as quais até o momento contava o governo em ambas as casas para aprovar seus projetos.

Fonte: Reuters