Irã prepara dia de luto após mortes em protestos

Mesmo antes das manifestações pacíficas, o Conselho Guardião, formado por lideranças religiosas, convocou os três candidatos derrotados para um encontro no sábado

Estudantes partipam de protesto silencioso nas ruas de Teerã contra o resultado das eleições presidenciais que deram vitória ao presidente, Mahmoud Ahmadinejad (Foto: Reuters/Demotix)

Seguidores do candidato derrotado à Presidência do Irã Mirhossein Mousavi realizaram, nesta quinta-feira (18) um dia nacional de luto pelos mortos nos conflitos após a eleição. As manifestações pacíficas ou reuniões em mesquitas foram feitas pelo político, por meio de sua página na internet.

Diante das demonstrações o principal corpo legislativo do Irã, o Conselho Guardião, formado por lideranças religiosas não eleitas, decidiu convidar os três candidatos derrotados na contestada eleição presidencial do dia 12 para um encontro neste sábado (20) para discutir suas queixas, informou a Agência Reuters.

O quinto maior exportador de petróleo do mundo vive uma polêmica com o Ocidente sobre seu programa nuclear. A repressão aos protestos e a censura a mídia voltaram a desgastar a imagem do país internacionalmente. As denúncias da oposição envolvem a falta de cédulas eleitorais, a tentativa de convencer ou forçar pessoas a votar em um candidato em particular e a proibição ou expulsão de representantes de candidatos em locais de votação.

A mídia estatal informou que sete pessoas foram mortas em Teerã, capital do Irã, em uma manifestação da oposição. Eles protestavam contra a eleição a presidência do país realizada no dia 12. Segundo Mousavi e seus apoiadores, houve fraude a favor do atual presidente Mahmoud Ahmadinejad, de linha mais conservadora.

“Nos últimos dias e como consequência de encontros ilegais e violentos com (pessoas protestando) contra o resultado da eleição presidencial, vários de nossos compatriotas foram feridos ou martirizados”, afirmou. “Eu peço que as pessoas expressem sua solidariedade com as famílias… se reunindo em mesquitas ou participando de manifestações pacíficas.”

Apesar dos pedidos do Líder Supremo Aiatolá Ali Khamenei a favor da união nacional, os seguidores de Mousavi continuaram a ocupar as ruas. Os jornalistas estrangeiros foram proibidos de acompanhar as manifestações e houve novas restrições a sites na internet. 

Na quarta-feira (17), dezenas de milhares de pessoas protestaram pelo quinto dia no centro de Teerã contra a vitória oficial de Ahmadinejad, que causou a maior revolta social desde a Revolução Islâmica de 1979.

Queixas

Além da reunião com os candidatos, Abbasali Kadkhodai, porta-voz do Conselho Guardião, declarou à rádio estatal que os 12 membros do organismo começaram a examinar um total de 646 queixas submetidas em conexão com a eleição. O conselho se diz pronto para recontar as urnas, mas descartou anular a eleição.

Os dois outros candidatos derrotados são o clérigo reformista Mehdi Karoubi e o conservador Mohsen Rezaie, um ex-chefe da Guarda Revolucionária iraniana.

O conselho consiste de seis clérigos indicados pelo líder supremo Aiatolá Ali Khamenei e seis juristas islâmicos. A função do órgão é assegurar que as legislações aprovadas pelo parlamento estão de acordo com a Sharia – a lei islâmica – e a constituição iraniana. O conselho também pode vetar candidatos à presidência e deve aprovar os resultados das eleições.

Com informações da Agência Reuters

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