Disputa com republicanos não deve atrapalhar fechamento de Guantánamo

Governo Obama vai direcionar atenção a Afeganistão e Coreia do Norte, mas base estadunidense em Cuba deve ser fechada a médio prazo

Barack Obama, em Washington, terá questões relacionadas ao Afeganistão e à Coreia do Norte como centrais antes de Guantánamo (Foto: © Reuters/Jason Reed)

Embate entre Barack Obama e o ex-vice-presidente Dick Cheney não deve atrapalhar fechamento de prisão em Guatánamo. A opinião é do professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e presidente da Sociedade Brasileira de Direito Internacional, Antônio Celso Alves Pereira, em entrevista ao Jornal Brasil Atual.

Na semana passada, o presidente Barack Obama sofreu a primeira grande derrota no Congresso estadunidense ao ter barrado, por republicanos e democratas, o financiamento do projeto que daria fim à prisão.

Pouco tempo depois do desastroso resultado do Senado, o ex-vice-presidente Dick Chenney, um dos mentores da guerra contra o terror promovida pelo governo George W. Bush, aproveitou para defender as ações da administração anterior e criticar a atuação de Obama.

Para Pereira, o enfrentamento já era esperado. “Os republicanos não vão deixar passar em branco a eliminação dos pontos centrais da política de George Bush”, avalia. “Ainda mais Dick Cheney, que deve ter algum interesse eleitoral de empalmar uma liderança mais forte dentro do partido Republicano”, completa. A posição se reforça, segundo o especialista, pelo silêncio de George W. Bush, que segue a cartilha dos ex-presidentes dos Estados Unidos de se afastar do debate político.

Barack Obama deverá aproveitar o momento para direcionar atenção a outros assuntos mais urgentes. “Ele está concentrado, neste momento, na questão do Afeganistão. Então, vai depender muito de como as coisas andarem agora, a questão da Coreia [do Norte]. Isso tudo vai influenciar as futuras medidas externas do presidente Obama e tem, obviamente, reflexo no contexto geral de sua política. Mas acredito que a médio prazo, ele vai desativar Guantánamo”

O presidente Obama pretende enviar alguns presos para julgamentos em cortes civis estadunidenses e devolver outros aos países de origem. O principal problema é que pesquisas recentes revelam que a maioria dos americanos não quer ter um terrorista perto de casa, mesmo que seja na prisão.