Na reta final, candidatos a Jogos de 2016 apostam em pesos de políticos

Primeira-dama, presidentes, primeiros-ministros e rei fazem corpo-a-corpo em busca de votos para Rio de Janeiro, Chicago, Tóquio e Madri

(Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair já deixou o poder há algum tempo, mas sua sombra está mais que presente em Copenhague, na Dinamarca, por estes dias. Desde que ele convenceu o Comitê Olímpico Internacional a abandonar Paris e escolher Londres para a Olimpíada de 2012, quatro anos atrás, a relevância de políticos carismáticos passou a ser vista como fundamental pelas cidades candidatas.

Por isso, rei, presidentes e primeira-dama estão presentes na cidade dinamarquesa, onde na sexta-feira (2) o COI anuncia a sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Chicago tem a seu favor, além do presidente Barack Obama, a primeira-dama, Michelle Obama, que chegou na quarta-feira (30) a Copenhague com a promessa de trabalhar muito pela cidade em que o marido foi relevado à política nacional dos Estados Unidos. Assim que chegou, Michelle foi ao hotel do comitê para reunir-se com alguns dos responsáveis pela escolha da cidade-sede.”Temos muito trabalho a fazer. Não estamos dando nada como garantido, por isso vou conversar com alguns dos eleitores”, argumentou.

Em uma das disputas mais acirradas da história, Chicago é vista como favorita ao lado do Rio de Janeiro. A cidade brasileira, por sua vez, tem o presidente Lula como principal cabo eleitoral. Desde quarta-feira, o presidente, tido recentemente como o mais popular do planeta pela Newsweek, cumpre intensa agenda em Copenhague. A baixa da comitiva brasileira é o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que precisa acompanhar atentamente a crise em Honduras e por isso cancelou a ida a Copenhague.

Em seu discurso na sexta-feira, Lula vai focar nas conquistas do país, no recente reconhecimento mundial como potência sul-americana, e não deve poupar termos como “momento mágico” e o bordão “nunca antes na história deste país”. Além disso, o presidente deve fazer alusões à própria história, de migrante nordestino a chefe de Estado, como metáfora ao caminho fluminense. “Aqui a história se repete. Temos os Jogos Olímpicos muito marcados por serem feitos em países desenvolvidos… muitas Olimpíadas no continente europeu e muitas nos Estados Unidos. Queremos mostrar que o Brasil é o único país entre as 10 economias do mundo que nunca realizou uma Olimpíada”, acrescentou.

O ministro dos Esportes, Orlando Silva, vai na linha dos ganhos sociais para o Rio de Janeiro, em especial da geração de empregos – 120 mil nos cálculos do governo. Ele minimiza o efeito da presença de autoridades nacionais em Copenhague e acredita que o mais importante é a conversa com cada um dos integrantes do comitê. “É a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos participa de uma sessão do COI. Como se trata da maior potencia do planeta, isso eleva muito em patamar a importância dessa decisão. Mas, na minha percepção, não (desequilibra a disputa para Chicago)”, afirma.

Correndo por fora, Madri acredita fortemente na força de sua monarquia. O Rei Juan Carlos e o primeiro-ministro José Zapatero estão na Dinamarca fazendo campanha e apostam no amplo apoio popular à candidatura madrilenha.  Juan Antonio Samaranch Junior, filho de ex-presidente do COI, faz uma conta matemática para apontar que Madri é mais forte: “Isso significa uma personalidade extraordinária. Nós traremos, número um, Sua Majestade o Rei da Espanha e, número dois, o primeiro-ministro Zapatero. Assim, são dois contra um.”

Contra si, a candidatura espanhola tem o fato de o COI evitar duas Olimpíadas seguidas no mesmo continente – os Jogos de 2012 serão em Londres. A favor, a infraestrutura praticamente completa e a promessa de deixar um forte legado esportivo na cidade, como ocorreu com Barcelona em 1992.

O Japão, por outro lado, não conta com apoio popular à candidatura. A sociedade acredita que o investimento em esportes é equivocado em um momento em que o país atravessa forte crise e vê a vizinha China crescer de maneira assustadora. Nem por isso o novo premiê Yukio Hatoyama deixará de estar em Copenhague, mas todos sabem que, antes de conseguir essa vitória, o político está mais preocupado em arrumar a casa.

Com informações da Reuters.

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