Falta de identidade

Derrota da Seleção para Argentina expõe crise em que o governo jogou o futebol

Redes sociais se dividem sobre a vitória da Argentina sobre o Brasil. Enquanto setores alinhados a Bolsonaro querem a saída de Tite, forças progressistas afirmam que o futebol não pode dar as costas para a pandemia

Lucas Figueiredo / CBF
Lucas Figueiredo / CBF
Final no Maracanã: o atacante da seleção Neymar havia criticado, na quinta-feira (8), os que pretendiam torcer contra a Seleção

São Paulo – A derrota da Seleção brasileira para a Argentina neste sábado (10) na final da Copa América, no Maracanã, foi a deixa para que uma guerra entre internautas em torno do significado político do resultado do jogo tomasse conta das redes sociais neste domingo. Enquanto os segmentos alinhados ao governo Bolsonaro dirigem seus ataques ao técnico Tite, setores progressistas defendem que país precisa superar o fascismo do governo Bolsonaro para que o futebol represente a população.

Contrários à realização da Copa América no país por causa da pandemia e ao modo como o governo Bolsonaro tentou se apropriar politicamente do evento, milhões de brasileiros torceram pela vitória da Argentina.

 O resultado, de 1 a zero, teve um sabor histórico. Pela primeira vez desde 1993, a seleção principal da Argentina conquistou um título. O gol de Di Maria possibilitou aos argentinos conquistarem o seu 15º troféu na competição, igualando-se ao Uruguai como maior vencedor na história.

“Entendo nada de futebol. Mas estava torcendo para a derrota da Seleção Brasileira. Neste momento, essa derrota significa menos poder ao fascismo. Aqui os argentinos fazem festa. E eu os aplaudo. Um novo Brasil nascerá após a derrota dos fascistas, e só então torceremos por ela”, afirmou em sua conta no Twitter o ex-deputado federal Jean Wyllys.

“Perder no campo é do jogo, mas a grande derrota da seleção brasileira é não ter dito uma só palavra sobre os 530 mil mortos da pandemia sob um governo genocida. Isso foi feio. Nem o grande Tite falou nada. Poxa, vocês não têm alma?”, afirmou o jornalista Xico Sá no Twitter.

Em sua coluna no Uol, a escritora Milly Lacombe saiu em defesa dos que torceram contra o país, em resposta ao jogador Neymar, que na quinta-feira (8), usou sua conta no Instagram para criticar a possibilidade de brasileiros torcerem contra a Seleção.

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“Torcer contra o Brasil é se colocar ao lado de um presidente genocida. É posar sorridente com um candidato que disse que algumas mulheres merecem ser estupradas. É apoiar político que compara negro a gado. É aceitar de bom grado jogar uma Copa América em solo nacional durante uma pandemia, sobre 530 mil corpos, sem jamais se manifestar a respeito da falta de um planejamento nacional decente de imunização ou sequer pedir por vacinação rápida”, afirmou a escritora.

Com informações das redes sociais e da Agência Brasil.


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