Vergonhoso

Copa América já tem 52 casos de covid-19 após apenas a primeira rodada

Segundo Ministério da Saúde, contaminações foram registradas entre jogadores, equipes técnicas e trabalhadores terceirizados. Para epidemiologista, quadro expõe absurdo de trazer o torneio ao Brasil

Lucas Figueiredo/CBF
Lucas Figueiredo/CBF
Antes mesmo do primeiro jogo da Copa América, entre Brasil e Venezuela, um surto de covid-19 afastou 13 jogadores da seleção vizinha

São Paulo – O Ministério da Saúde informou nesta terça-feira (15) que o número de casos de covid-19 registrados na Copa América, entre jogadores, equipes técnicas e trabalhadores envolvidos no torneio, chega a 52. Até agora, apenas uma rodada da competição foi realizada, com quatro partidas disputadas. Do total de casos, 33 foram registrados entre jogadores e membros de delegações e 19, entre terceirizados contratados para o evento. Os casos de prestadores de serviços foram confirmados em Brasília e no Rio de Janeiro.

O primeiro surto de covid-19 na Copa América ocorreu na delegação da Venezuela, antes mesmo da partida de abertura da equipe, contra a seleção brasileira. No sábado (12), o ministério informou que foram detectados 13 casos entre jogadores e membros da comissão venezuelana. Todos foram isolados em quartos de hotel, expondo trabalhadores locais ao risco de contaminação.

A seleção da Venezuela havia chegado ao Brasil na quinta-feira (10) e teve que convocar mais 13 jogadores para conseguir participar do torneio. Após a primeira rodada, outros casos foram registrados nas seleções da Bolívia e do Equador.


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O surto na seleção da Venezuela, antes mesmo da primeira rodada da Copa América, levou a Confederação Sul-americana de Futebol (Conmebol) a modificar o regulamento. Agora, todas as seleções podem convocar novos jogadores se tiverem casos confirmados na equipe. No entanto, nenhuma modificação de protocolos ou para reduzir o risco de contaminações foi apresentado. Além disso, a Conmebol registra 28 casos entre jogadores e comissões técnicas, cinco a menos que o ministério.

Em entrevista coletiva ontem (14), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tentou minimizar a alta incidência de casos de covid-19 na Copa América. “Faz parte, se não tivéssemos possibilidade de casos positivos, não teríamos protocolos rigorosos. O primeiro critério é a segurança sanitária. Se não tiver segurança sanitária, o atleta não entra em campo.”

Para a epidemiologista e pesquisadora Denise Garrett, o quadro expõe o absurdo de realizar a Copa América no Brasil em meio ao já grave quadro da pandemia. “Em um país sério, todos esses 41 casos estariam isolados por 10 dias. Em um país sério, todos os contatos dos casos seriam testados e, independentemente do resultado, quarentenados por 14 dias.  Em um país sério a respeito da covid-19, não haveria Copa América”, resumiu, nas redes sociais.

A próxima rodada da Copa América começa na quinta-feira (17), com as partidas entre Colômbia x Venezuela (18h) e Brasil x Peru (21h). Na sexta-feira (18), jogam Chile x Bolívia (18h) e Argentina x Uruguai (21h).


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