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Seleção feminina de futebol dos EUA abre processo por discriminação de gênero

Atuais campeãs do mundo e apesar de serem mais vitoriosas que a seleção masculina, a federação lhes paga menos e impõe condições de trabalho e de assistência médica piores

CC.0 wikimedia commons

Luta das jogadoras de futebol dos Estados Unidos inspira atletas de outras modalidades e de outros países, que também querem tratamento igual aos dispensados aos esportistas homens

São Paulo – As jogadoras da equipe campeã mundial de futebol feminino dos EUA entraram – nesta sexta (8), Dia Internacional da Mulher – com uma ação contra a federação nacional por discriminação de gênero, intensificando sua luta de longa data com a federação de futebol do país por igualdade de remuneração e de condições de trabalho. O processo, no Tribunal Distrital dos Estados Unidos em Los Angeles, é aberto apenas três meses antes de a equipe começar a defender o título da Copa do Mundo Feminina, a ser disputado a partir de 7 de junho, na França.

No registro da ação e em um comunicado divulgado pela equipe, as 28 atletas acusaram sofrer há anos “discriminação institucionalizada de gênero”. A discriminação, relatam as jogadoras, afeta não apenas seus salários, mas também os locais e a frequência com que jogam, as condições de treinamento, o tratamento médico e até mesmo como elas viajam para disputarem as partidas.

A atual seleção norte-americana de futebol feminino tem jogadoras consideradas estrelas, como Alex Morgan, Megan Rapinoe e Carli Lloyd, que integram uma equipe que tem sido uma das principais forças no esporte feminino por mais de uma geração.

Segundo o The New York Times (NYT), a batalha contínua das futebolistas com a federação que dirige o esporte nos Estados Unidos, “as colocou à frente de uma luta mais ampla pela igualdade no esporte feminino”.

Mulheres atletas de outros esportes, como hóquei e basquete, e até de outros países, como as profissionais do futebol canadense, vêm firmando contato com as jogadoras de futebol e seu sindicato para obter orientação em seus esforços para obter ganhos similares aos homens em salários e condições de trabalho. “Acho que estar nessa equipe é entender essas questões”, disse Rapinoe, ao NYT. “E eu acho que sempre – desde sempre – foi uma equipe que se levantou e lutou duro pelo que achava que merecia e tentou fazer do esporte um lugar melhor.”

A ação legal aberta nesta sexta-feira é o mais recente capítulo de uma luta de anos por igualdade salarial e tratamento igualitário da equipe nacional feminina de futebol, que há muito tempo se enfurece – primeiro em particular, mas cada vez mais publicamente – com a compensação financeira, o apoio e as condições de trabalho que recebem por representar o chamado US Soccer.

As atletas denunciam que são obrigadas a jogar mais vezes do que a equipe masculina – e que têm número proporcional de vitórias maior do que os homens –, que eles ganham mais, têm boas condições de treinamento e de tratamento médico, viajam com conforto e cercados de cuidados e que a federação nacional paga a eles salários maiores do que a elas.

O futebol feminino dos Estados Unidos já foi três vezes campeão mundial e quatro vezes medalhista de ouro em Olimpíadas.