Mundial da Rússia

Copa 2018: grupo do Brasil tem velho conhecido, ‘ferrolho’ e incógnita

Seleção brasileira não caiu em um temido 'grupo da morte' e tampouco enfrentará 'adversários dos sonhos', mas deve garantir primeiro lugar na primeira fase

Danilo Borges/Portal da Copa

Keylor Navas, principal nome da Costa Rica

São Paulo – O sorteio dos grupos da Copa do Mundo da Rússia, realizado nesta sexta-feira (1º), colocará o Brasil diante de seleções com pouca expressão no cenário internacional. Isso não significa que não vão dar trabalho, ainda mais por conta do estilo de jogo defensivo, que costuma dificultar a vida dos selecionados de Tite, mas está longe de ser um “grupo da morte”, como alguns temiam.

Confira abaixo um breve perfil dos adversários da seleção e o que esperar de cada um deles:

 

Costa Rica, sensação de 2014 e velha conhecida

A seleção da Costa Rica vai disputar na Rússia sua quinta Copa. E, pela terceira vez, vai topar com o Brasil em uma fase de grupos, time que mais enfrentou em edições do Mundial.

Sua estreia foi em 1990, quando conseguiu uma surpreendente classificação para as oitavas de final ao bater Escócia e Suécia, perdendo apenas para o Brasil de Sebastião Lazaroni na fase de grupos, 1 a 0, gol de Muller. Na fase eliminatória, foi goleada pela extinta Tchecoslováquia por 4 a 1.

O time não avançou para a segunda fase em 2002 e 2006, mas em 2014 fez sua campanha mais espetacular. No chamado “grupo da morte”, com três campeões mundiais – Itália, Inglaterra e Uruguai – classificou-se em primeiro lugar e só parou diante da Holanda, nas quartas de final. A equipe revelou, entre outros atletas, o goleiro Keylor Navas, que foi para o Real Madrid após o Mundial do Brasil.

Contra a seleção canarinho, os costarriquenhos jogaram 12 vezes, com 10 derrotas, um empate e uma solitária vitória no Campeonato Pan-Americano de futebol, em 1960, triunfo de 3 a 0. Em 2002, no Mundial Coreia/Japão, o Brasil venceu os centro-americanos por 5 a 2 e em 2015, na estreia do atual treinador da Costa Rica Óscar Ramirez, os brasileiros também saíram vitoriosos por 1 a 0.

Os últimos jogos mostram que o time não tem a mesma solidez defensiva apresentada na última Copa. Em dois amistosos disputados em novembro, os costarriquenhos foram derrotados pela Hungria, que sequer vai à Rússia, por 1 a 0, e pela Espanha, por 5 a 0. Repetir 2014, a esta altura, seria um milagre.

 

Retranca, seu nome é Suíça

Os mais antigos costumavam dizer que um time que jogava retrancado, com uma preocupação defensiva muito grande, havia armado um “ferrolho”, referência à tranca utilizada para fechar portas e/ou janelas. Pois quem celebrizou a tática do “todo mundo atrás”, trazendo tal artefato para o futebol foram os primeiros adversários do Brasil no Mundial de 2018.

O ferrolho suíço é uma invenção do técnico Karl Rappan, conhecido pela alcunha de “Austríaco Louco” e foi um esquema que levou o país neutro de regras financeiras flexíveis e generosas às quartas de final das Copas de 1938 e 1954. Nesta última edição, disputada em sua casa, a seleção ficou à frente da Inglaterra em seu grupo inicial e eliminou a Itália.

A ideia de Rappan era simples à época, e ganharia o mundo mais adiante, dando origem ao Catenaccio italiano, versão defensivista moldada no país vizinho. Todos defendiam atrás do meio de campo; atrás dos zagueiros, um líbero, e os pontas tornavam-se falsos laterais.

Em 2006, tornou-se a primeira seleção a não sofrer gols em uma fase de grupos de Copa do Mundo. E só caiu nos pênaltis diante da Ucrânia, após um empate sem gols no tempo normal e na prorrogação. Na Copa seguinte, da África do Sul, se tornou a equipe recordista com o maior tempo sem sofrer gols em edições do Mundial, com mais de 551 minutos. Mesmo assim, não passou da primeira fase.

Na Copa de 2014, foi eliminada nas oitavas pela Argentina, sofrendo um gol solitário a 2 minutos do fim da prorrogação. Garantiu sua vaga na Copa de 2018 ao derrotar a Irlanda do Norte, na repescagem, por 1 a 0 fora de casa e empatar na volta em 0 a 0, após pegar um grupo fácil nas eliminatórias em que ficou atrás de Portugal.

Com toda essa tradição defensiva, deve ser a equipe que mais vai dar trabalho aos brasileiros na primeira fase, vide o 0 a 0 do time de Tite contra a Inglaterra, que adotou uma postura bem “suíça” no amistoso disputado contra o Brasil.

 

A incógnita Sérvia

Como país separado da antiga Iugoslávia, a Sérvia dá pinta de que pode repetir o mesmo clima de crise que resultou em uma desastrosa campanha na Copa do Mundo de 2006, sua primeira participação em Mundiais.

À época, Montenegro ainda fazia parte da Sérvia no futebol, mas havia votado e aprovado sua independência em maio daquele ano. A tensão política entre ambos – além de outros fatores como a desorganização do comando do futebol e o fato de o treinador, Ilija Petković, ter convocado seu filho Dušan Petković – fez com que o time entrasse em declínio técnico e chegasse à Alemanha para ser o “saco de pancadas” do seu grupo. Perdeu por 1 a 0 da Holanda, foi goleada por 6 a 0 pela Argentina e derrotada de virada por 3 a 2 pela costa do Marfim.

Agora, a história parece seguir caminho similar. Em outubro, Slavoljub Muslin, técnico que classificou a equipe para o Mundial da Rússia, foi demitido. A federação entendeu que o estilo de jogo do comandante era muito defensivo e que ele dava poucas chances a jovens jogadores.

À frente do time está Mladen Krstajic, ex-zagueiro do Schalke, mas ninguém sabe se ele irá à Copa como treinador do time. Em seus dois últimos amistosos, disputados em novembro, um empate com a coreia do Sul em 1 a 1 e uma vitória sobre a China por 2 a 0.

Em 2010, os sérvios chegaram a vencer a Alemanha na primeira fase, mas perderam para Gana e Austrália, não passando para as oitavas.