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Consórcio de Eike e Odebrecht leva concessão do Maracanã por 35 anos

Favoritismo do Consórcio Maracanã é confirmado pelo resultado do processo de licitação; mandado de segurança impede inclusão de camarotes

Erica Ramalho/Imprensa RJ

O Consórcio Maracanã terá de fazer investimentos de R$ 594,1 milhões para a gestão e manutenção do complexo esportivo

Rio de Janeiro – Não houve surpresa hoje (9) durante o anúncio do vencedor da licitação que definiu o processo de concessão do complexo esportivo do Maracanã e seu entorno à iniciativa privada pelos próximos 35 anos. Considerado favorito, o Consórcio Maracanã SA, formado pela IMX, empresa de Eike Batista, pela Odebrecht Participações e Investimentos e pela norte-americana AEG Administração de Estádios, confirmou as expectativas e foi indicado como vencedor pelo governo estadual durante sessão da Comissão Especial de Licitação realizada no Palácio Guanabara.

Uma vez que a IMX foi a contratada pelo governo para realizar o estudo de viabilidade técnica e econômica do plano de gestão do estádio, o consórcio que viesse a ser integrado pela empresa de Eike já largaria como favorito na disputa. Esse favoritismo aumentou com a confirmação da entrada da Odebrecht – responsável pelas obras de reforma do estádio – no Consórcio Maracanã e com a divulgação, na semana passada, da pontuação obtida pelas duas propostas concorrentes.

Com 98,26 pontos, o consórcio liderado por Eike ficou na frente do Consórcio Corredor Esportivo e Cultural do Rio de Janeiro – integrado pela construtora brasileira OAS, pela holandesa Stadium Amsterdam e pela francesa Largardère – que obteve 94,46 pontos. Além disso, o Consórcio Maracanã ofereceu ao governo pelo aluguel do estádio, que somente deverá ser pago a partir do terceiro ano de concessão, a quantia de R$ 5,6 milhões, contra R$ 4,7 milhões oferecidos pelo consórcio concorrente.

Feito o anúncio oficial dos novos “donos” do Maracanã, será elaborada ainda hoje uma ata de todo o processo licitatório. O documento será encaminhado amanhã ao secretário estadual da Casa Civil, Régis Fichtner, coordenador da licitação. Após a homologação da decisão pelo governo, o nome do Consórcio Maracanã como gestor do estádio pelos próximos 35 anos será publicado no Diário Oficial do Estado.

Na ata que será enviada a Fichtner, estará incluída a recomendação, feita pelo Instituto do patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para que o novo gestor do Maracanã se comprometa com a manutenção do Maracanãzinho e com a não demolição do prédio do antigo Museu do Índio.

Investimentos

O Consórcio Maracanã terá de fazer investimentos de R$ 594,1 milhões para a gestão e manutenção do complexo esportivo. Além de gerir o estádio e também o ginásio do Maracanãzinho, ficará responsável por obras como a reforma do antigo Museu do Índio, que será transformado em museu olímpico, as demolições do Estádio de Atletismo Célio de Barros, do Parque Aquático Júlio Delamare e da Escola Municipal Friedenreich e a construção em outros locais no entorno do estádio de novos centros de treinamento para atletismo e natação, além de um novo prédio para a escola. Também caberá ao consórcio a demolição do presídio Evaristo de Moraes e a posterior construção de quatro novas unidades prisionais na cidade.

Segundo estimativa do governo, o Maracanã irá render R$ 154 milhões por ano e terá um gasto de R$ 50 milhões. Assim sendo, a previsão é de que os recursos investidos pelo concessionário sejam quitados em 12 anos, o que significa que o gestor do complexo esportivo e seu entorno teria um lucro de R$ 2,5 bilhões durante 23 anos do contrato.

Mandado de segurança

Durante a sessão de hoje da Comissão Especial de Licitação foi anunciado que a empresa Golden Gol, responsável pela gestão de parte dos camarotes do Maracanã antes da reforma, obteve na Justiça um mandado de segurança para impedir a venda de camarotes pelos novos gestores do estádio. Após o anúncio, o presidente da comissão, Luiz Roberto Silveira Leite, informou que, por conta decisão judicial, a comercialização dos camarotes estava excluída do processo de licitação, mas que este continuaria a ser realizado.

Leite informou ainda que o consórcio vencedor se compromete a arcar com os custos das demolições do Célio de Barros e do Júlio Delamare. Enquanto era anunciado o resultado da licitação, do lado de fora do Palácio Guanabara um grupo de cerca de 30 integrantes do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas protestava contra as demolições e cantava palavras de ordem contra Eike Batista e a Odebrecht.

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