Nelson Pereira dos Santos, Carlos Lessa e Paulo Cézar Caju aderem ao ‘Fora Marin!’

Não restará outra opção à Comissão da Verdade senão convocar o presidente da CBF para depor

José Maria Marin, político ‘biônico’, é acusado de incentivar a tortura e a morte de Vladimir Herzog (Foto: José Cruz. Arquivo ABr)

São Paulo – A rejeição da sociedade brasileira a José Maria Marin é de tal ordem que personalidades as mais representativas, carregadas de simbolismo, vêm cada vez mais aderindo ao abaixo-assinado redigido por Ivo Herzog, filho de Vladimir Herzog. 

Não restará outra opção à Comissão da Verdade senão convocar o presidente da CBF para depor. Da mesma forma, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, deverá obrigatoriamente sair do seu mutismo e manifestar-se publicamente, honrando a história do seu próprio partido, o PCdoB. 

Nelson Pereira dos Santos, cineasta brasileiro, autor de obras-primas como Vidas Secas, Memórias do Cárcere, Rio, 40 graus, Rio, Zona Norte, Boca de Ouro, O Amuleto de Ogum, A Música segundo Tom Jobim, dentre vários outros filmes, além de membro da Academia Brasileira de Letras, um dos fundadores da Faculdade de Cinema da Universidade Federal Fluminense e da Universidade de Brasília (UnB), não hesitou em subscrever o abaixo-assinado. 

Paulo Cézar Caju, craque, dono de um estilo refinado, um dos expoentes do futebol arte, tricampeão mundial pela seleção brasileira (Copa do México, 1970), bicampeão carioca e da Taça Guanabara pelo Botafogo (67/68), Flamengo (72/74) e Fluminense (75/76), bicampeão gaúcho (79/80) e mundial (83) pelo Grêmio. Em seu blog no Jornal da Tarde, tem sido um crítico intransigente da CBF, tendo adotado o lema “defesa do futebol arte e tolerância zero com os brucutus”. 

Carlos Lessa, professor titular de Economia da UFRJ, um dos professores fundadores dos cursos de Economia da Universidade de Campinas e da Universidade Federal Fluminense, foi reitor da UFRJ e presidente do BNDES. Lessa é um nacionalista social democrata, defensor intransigente da ética na vida pública, autor dos livros Quinze anos de política econômica; Desenvolvimento capitalista no Brasil: um ensaio sobre a crise; Introdução à Economia: uma abordagem estruturalista (com Antônio Barros de Castro) e O Rio de todos os Brasis (uma reflexão em busca de autoestima).

Por fim, o Megafone do Esporte não poderia deixar de fazer uma indagação: sendo o futebol, ao lado do samba, um dos pilares da cultura popular brasileira, da autoestima de nossa população, da identidade nacional, até quando o governo federal irá ignorar o apelo de mais de 53 mil signatários do abaixo-assinado e de personalidades como Nelson Pereira dos Santos, Carlos Lessa, Paulo Cézar Caju, Chico Buarque, Leandro Konder, Chico de Oliveira, Luiz Gonzaga Belluzzo, Afonsinho, Romario, Fernando Gabeira, Chico Alencar, Marcelo Freixo e tantos outros? 

A manutenção de José Maria Marin não soa apenas como ironia, conforme bem frisou Zuenir Ventura, mas, acima de tudo, configura-se como um ato de desrespeito aos valores democráticos e ao futebol, que no Brasil é mais do que um esporte, é arte e paixão popular.