Rádio Brasil Atual traz análises de Frei Betto, Flávio Aguiar e Wilson Baldini

Colunistas avaliam desempenho brasileiro em Londres e manifestam preocupação com 2016

Seleção feminina de vôlei desfila no centro de São Paulo para festejar bicampeonato olímpico: ‘febre do ouro’ e decepções (Marcelo Camargo/ABr)

São Paulo – As avaliações sobre os Jogos Olímpicos de Londres, encerrados ontem (12), dividem opiniões. Há críticas sobre o investimento em esporte realizado nos últimos anos, sobre as metas do Comitê Olímpico Brasileiro e sobre o próprio desempenho dos atletas. Para os brasileiros, que receberão as Olimpíadas 2016, no Rio de Janeiro, o número de medalhas a serem conquistadas não é a única preocupação. No programa de hoje (13) da Radio Brasil Atual, o jornalista Wilson Baldini, que cobriu as Olimpíadas em Londres, o correspondente da RBA na Europa, Flávio Aguiar, e o escritor Frei Betto – que fez sua estreia no time de comentaristas da rádio, fizeram suas análises do evento.

“O Brasil não saiu tão mal no filme”, disse Flávio. Ele realizou uma contagem alternativa dos resultados do país nas competições, na qual as medalhas de ouro valiam três pontos cada uma, as de prata, dois, e as de bronze, um. Nessa forma de contagem, o Brasil seria o primeiro da América Latina, à frente, por exemplo, de Cuba, 15ª colocada, e Jamaica, 18ª. “Foi feita uma imagem depreciativa do país, alimentada por nossa mídia, que teve uma “febre do ouro”, disse. Aguiar reconheceu que houve decepções, como no caso do futebol, causado por falta de planejamento. “O México estudou a seleção brasileira, enquanto esta se preparou para jogar mais uma partida qualquer.”

Flávio ressaltou como a performance de Leandro Damião, que recebeu a Chuteira de Ouro, pelo maior número de gols na competição, mostra que os resultados não foram tão ruins. “O país nunca teve desempenhos excelentes nas edições anteriores, e passar a tê-los não é uma construção que se faz da noite para o dia”, disse.

Para Wilson Baldini, os resultados foram muito aquém do esperado, apesar de o número de medalhas ter sido recorde. “Diante do que foi apresentado nos últimos anos, faltou um pouco mais para o Brasil”, disse. Ele comentou que o Comitê Olímpico Brasileiro estava com uma projeção de 15 medalhas, o que foi superado, mas também esperava se posicionar entre os dez primeiros colocados, o que não foi alcançado. E já fez projeções para as preocupações do Brasil para a organização dos Jogos de 2016.

Baldini observou que, em Londres, houve um trabalho voluntário maravilhoso, com milhares de pessoas trabalhando diuturnamente e se disse temoroso em relação à infraestrutura que o Brasil apresentará em 2016. Questionou se o Rio de Janeiro terá um serviço de saúde pública eficaz e se o Parque Olímpico de 2016 terá um tamanho condizente com a competição.

Para Frei Betto, as Olimpíadas são uma utopia do que a humanidade deveria ser: “Uma só família, com os mesmos direitos e oportunidades, embora os integrantes dela sejam diferentes, com aptidões distintas”, avaliou. Ele apontou como países que conflitam entre si, como os Estados Unidos e Cuba, disputaram sadiamente, sem procurar humilhar um ao outro, como fazem na política e na economia. “Em Londres, estavam presente 204 países. Isso é mais do que o número de integrantes das Organização das Nações Unidas (193).” 

Frei Betto comentou que para o Brasil sediar um evento como esse, deve haver transparência no orçamento, que, até o momento, é de R$ 28,8 bilhões e conta com dinheiro público. “Nos Jogos Panamericanos, o orçamento multiplicou de R$ 800 milhões para R$ 4 bilhões. Nós, contribuintes, devemos ficar de olho nesse processo de aumento de orçamento”, disse. Para ele, a preparação do evento no Rio de Janeiro deve se atentar também aos cambistas, que causaram em Londres. “Várias competições tinham lugares vazios, porque os cambistas compravam lugares demais e vendiam a preços muito altos, de modo que o governo teve de ocupar cadeiras com soldados ingleses.”

O escritor ressaltou como a segurança londrina foi eficaz e tratou os turistas com respeito. “Em tempos em que os policiais militares atiram antes e perguntam depois, devemos pensar em que tipo de segurança vamos oferecer nos jogos em 2016.”  

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