São Paulo – A possibilidade de um encontro entre dois ícones culturais do século 20, a cantora francesa Edith Piaf e o poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht, inspirou o dramaturgo Aimar Labaki a escrever a peça A Vida em Vermelho – Brecht e Piaf, que teve sua reestreia na quinta-feira (19), no espaço Itaú Cultural, em São Paulo. O encontro de fato nunca aconteceu, mas a perspectiva de um diálogo entre as obras dos dois artistas traduz para a contemporaneidade “o grito dos oprimidos”, como analisa a atriz e intérprete de Piaf Letícia Sabatella.

“Os dois passaram por uma guerra, sofreram as consequências dela e, ao seu modo, resistiram às opressões”, explica Letícia em entrevista a Fabiana Ferraz, na Rádio Brasil Atual. Apesar dos pontos em comum das trajetórias de ambos, na montagem são os conflitos entre Piaf e Brecht que ganham a cena, em um cabaré, na oposição entre a emoção e passionalidade da cantora francesa com a racionalidade e ironia do poeta, interpretado pelo ator Fernando Alves Pinto.

Na entrevista, a intérprete relembrou que, embora não houvesse muito tempo para a preparação da peça, que contou com o apoio do Sesc Santo André, a fusão de elementos do cenário político atual com o gênero entretenimento a motivou para participar do projeto. “Eu queria muito fazer a peça porque ela é daqueles clássicos que reúne muitas coisas, é muito boa em divertir, mas traz ao mesmo tempo conteúdos”, analisou Letícia, que na montagem encerra sua participação repercutindo o grito”Lula Livre”.

Para a atriz, as eleições de 2018 trazem a possibilidade de uma mudança do atual cenário político do país. “Temos que mudar o Congresso, isso é fato”, afirma, chamando a atenção para a ascensão de figuras antidemocráticas.

A Vida em Vermelho – Brecht e Piaf
Em cartaz de 19 a 29 de julho. De quinta-feira a sábado, às 20h. Domingo, às 19h
Duração aproximada: 90 minutos
Sala Itaú Cultural (piso térreo) – 224 lugares. Entrada gratuita
Avenida Paulista, 149, São Paulo, (11) 2168-1777