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‘Acreditamos que o Rio de Janeiro tem solução’, diz gestor do ‘Jornal do Brasil’

Para o empresário Omar Resende Peres, a solução da crise do estado 'passa pela reativação da indústria nacional, da indústria naval, do conteúdo local, e pelas eleições que se aproximam'

Ricardo Borges/Folhapress

Peres: ‘Não estou reeditando um jornal, estou reeditando o Jornal do Brasil, uma marca icônica do Rio de Janeiro’

São Paulo – A volta do Jornal do Brasil às bancas de jornais do Rio de Janeiro, neste domingo (25), foi um sucesso absoluto. Segundo o próprio periódico, às 10 da manhã a edição já tinha vendido 90% dos seus exemplares. Por volta das 11h, a venda estava esgotada.

Para o gestor do JB, Omar Resende Peres, porém, não se pode dizer que foi exatamente uma  surpresa. Ele conta ter feito uma pesquisa que mostrou que o investimento, cujo valor prefere não revelar, traria retorno. “Fiz uma pesquisa que mostrou que essa marca no Rio teria um mercado de cerca de 100 mil consumidores/dia. Mesmo com a decadência do jornal impresso, o JB tem esse mercado”, diz.

Mesmo assim, Peres afirma que não pretende ampliar a tiragem do jornal, pelo menos no momento. “Agora vamos sentir o mercado e ver qual vai ser o ponto de equilíbrio entre a demanda e a oferta”, afirma o empresário, que se diz brizolista e já declarou ter proximidade com o pré-candidato à Presidência pelo PDT Ciro Gomes.

Durante esta semana, haverá a definição de com qual tiragem o Jornal do Brasil, fundado em 1891 e que deixou de circular em agosto de 2010, deve ir às bancas, num primeiro momento. A tendência, afirma Peres, é de que continue com 20 mil, como nesta segunda-feira (26) de seu retorno.

Com o estado do Rio de Janeiro mergulhado na maior crise política e econômica de sua história, o JB aponta, em seu editorial de capa na primeira edição da nova fase: “A prova de que nosso estado e o país têm futuro está em nosso retorno com o jornal impresso. Mesmo diante da crise econômica e institucional que atravessa o Estado do Rio de Janeiro, o Jornal do Brasil volta a ser Diário”

Por que a ideia de voltar a publicar o Jornal do Brasil impresso?

Não estou reeditando um jornal, estou reeditando o Jornal do Brasil, que é uma marca icônica do Rio de Janeiro e do país. Fiz uma pesquisa que mostrou que essa marca no Rio teria um mercado de cerca de 100 mil consumidores/dia. Mesmo com a decadência do jornal impresso, o Jornal do Brasil tem esse mercado.

O fato de ter esgotado a edição de domingo mostra que a população estava carente do Jornal do Brasil. Se tivesse impresso 80 mil, 100 mil exemplares, mas só imprimi 40 mil.

Pretende ampliar a tiragem?

Não. Agora vamos sentir o mercado e ver qual vai ser o ponto de equilíbrio entre a demanda e a oferta. Essa semana vamos definir o que vai ter esse jornal, em termos de tiragem. Acho que serão 20 mil exemplares/dia. Hoje (segunda-feira, 26) foram 20 mil.

É correto dizer que a capa do jornal no domingo tem um caráter otimista em relação ao Rio de Janeiro, ao contrário do seu principal concorrente, o jornal O Globo?

Nós fizemos aquele editorial porque a gente está voltando obviamente para tentar o debate para as soluções dos grandes problemas do Rio, e o nosso editorial mostrou que a gente acredita que o Rio tem solução. E a solução passa pela reativação da indústria nacional, da indústria naval, do conteúdo local, e pelas eleições que se aproximam.

Passa uma mensagem de otimismo, mas diante da realidade que estamos vivendo, isso será levado também em consideração. Nós vamos fazer uma linha não de sinal amarelo, mas de relatar as potencialidades, tentar ajudar, mostrar também a parte cruel, a violência que a cidade e o estado de modo geral estão atravessando.

A volta do JB desmente as teorias segundo as quais a mídia impressa está nos estertores?

Eu não investiria em nenhum jornal, eu investi no Jornal do Brasil. É uma outra conversa. E no Rio de Janeiro essa marca é não só icônica mas faz parte da alma do carioca, da história do Rio. Por isso teve esse sucesso estrondoso. Se eu tivesse colocado 100 mil exemplares na praça, teria vendido.

Não quero fazer concorrência com O Globo, não é por aí. Estou voltando com o Jornal do Brasil, que tem seu espaço, seu mercado e o seu leitor. E tem sua linha própria de atuação também. São dois jornais que sempre trilharam caminhos com formas de noticiar completamente diferentes.

O que as pessoas têm dito sobre o retorno do JB?

A primeira edição foi uma edição fria, onde a gente puxa a memória do jornal, com pessoas que foram da direção do jornal no passado, as grandes autoridades nacionais dando as boas vindas. Isso mexeu com a parte emocional das pessoas, era uma grande alegria.

Noventa por cento das pessoas com que eu falei foram absolutamente emotivas na hora de falar, ao ter o exemplar na mão. Estou muito feliz, estamos trabalhando muito, o jornal tem seus problemas ao sair pela primeira vez. Estamos acertando e vai ficar cada vez melhor. O Jornal do Brasil volta a ser o JB.