Osso

Exposição denuncia justiça desigual e clama por direito de defesa de Rafael Braga

Obras de 28 artistas plásticos chamam a atenção para a permanência de estruturas desiguais no acesso à defesa e à Justiça no país

reprodução/TVT

Exposição ‘Osso’ retrata a escravidão, eugenia e permanência das estruturas excludentes da Justiça

São Paulo – Para denunciar as arbitrariedades cometidas contra Rafael Braga, preso durante as manifestações de quatro anos atrás, 28 artistas plásticos se reuniram na exposição Osso, em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. As obras chamam a atenção sobre a desigualdade no acesso à defesa e à Justiça no país. 

Rafael Braga, catador de recicláveis, foi preso no Rio de Janeiro em 2013 por portar dois frascos plásticos com produtos de limpeza durante uma das manifestações de junho. A acusação alega que ele portava materiais inflamáveis com intenção de produzir explosivos. Condenado a quase cinco anos, ele foi preso novamente, acusado por tráfico de drogas, que, segundo a defesa, foram plantadas por policiais. 

Osso é uma exposição-apelo ao amplo direito de defesa de Rafael Braga. É uma iniciativa, um chamado social, para uma questão humanitária urgente que é a igualdade de direitos, especialmente do direito de defesa da população mais pobre, muitas vezes negra, periférica”, explica o curador Paulo Miyada, em entrevista ao repórter Jô Miyagui, para o Seu Jornal, da TVT

As obras discutem racismo, violência policial e exclusão social e ressaltam outras injustiças históricas, como o tráfico de escravos e os experimentos eugenistas – tentativas proto-científicas de legitimar argumentos raciais. 

“Algumas coisas mudaram, mas, infelizmente, certas estruturas permanecem ativas. Com certeza, o Rafael Braga sabe muito bem disso”, destaca Miyada. As obras sintéticas, “em gesto artístico condensado”, segundo o curador, impactam o público: “O Rafael é um jovem negro. Entendi que a polícia quis prender alguém e pegou o negro, pobre, favelado”, diz uma visitante. 

A exposição Osso fica em cartaz até 30 de julho, e funciona de terça a domingo, no Instituto Tomie Ohtake, em Pinheiros, com entrada gratuita. Assista à reportagem.