Festival em São Paulo mostra força do cinema latino-americano

Exibições, debates e oficinas começam na terça-feira em vários pontos da cidade destacando produções clássicas e contemporâneas

Imagem de Como era gostoso o meu francês (1970), de Nelson Pereira dos Santos (Foto: divulgação)

Nelson Pereira dos Santos é o grande homenageado do 4º Festival de Cinema Latino-americano de São Paulo. O diretor de Vidas secas terá seis produções exibidas entre terça (7) e domingo (12). Rio 40 Graus tem duas apresentações: quinta (9) no Cinesesc e sábado (11) no Memorial da América Latina. Além disso, o cineasta vai reger uma aula magna no sábado à tarde.

Um dos curadores do evento, Francisco Cesar Filho afirma em entrevista à Rede Brasil Atual que desde a primeira edição havia a ideia de homenagear Nelson Pereira. “É uma decisão natural e a gente estava esperando um certo tempo para não parecer que se tratava de uma ‘patriotada’ por parte da organização. Havia anseio de que o festival reconhecesse esse prestígio que Nelson Pereira tem, o maior cineasta brasileiro vivo e um dos grandes nomes do cinema latino-americano”, destaca.

O festival deste ano deixa em evidência o crescimento das produções regionais. A abertura (apenas para convidados), por exemplo, fica por conta de O leite da amargura, de Claudia Llosa, vencedor do Urso de Ouro do Festival de Berlim deste ano. O longa narra o trauma das mulheres violadas sexualmente durante a ditadura no Peru.

Francisco Cesar Filho aponta que a “circulação da produção cultural da América Latina é muito prejudicada na própria região por circunstâncias comerciais do mercado de exibição”, mas admite que a situação é muito melhor e eventos do gênero mostram a boa recepção do público aos filmes.

A “Mostra Anos 1990 – Retomada do cinema latino-americano” cumpre exatamente a função indicada pelo nome que recebeu. Mas o curador destaca que não se trata de “um recorte meramente cronológico. Na verdade, a proposta é identificar nos anos 90 um momento de mudança de fazer cinema na América Latina – que perdura até hoje. É a chegada de uma geração que pela primeira vez foi formada em escolas de cinema. Com esse tipo de formação, mudam-se as prioridades e as vocações cinematográficas. A gente percebe priorização por referências cinematográficas, também por aspectos técnicos, o apuro fotográfico, o apuro da direção de som, que passam a ser prioridades”.

Entre os filmes contemporâneos, produções de Argentina, México, Uruguai, Bolívia, Paraguai, Porto Rico, Peru, Cuba e vários outros países. Destaque para A erva do rato, de Júlio Bressane, Aniceto, de Leonardo Favio, e Rude e Brega, de Carlos Cuarón.

Na área de documentários musicais, excelentes oportunidades para ver gratuitamente Loki – Arnaldo Baptista e Simonal – ninguém sabe o duro que dei, que narram respectivamente as vidas do fundador dos Mutantes e de Wilson Simonal.

Debates ocorrem simultaneamente às exibições, começando por Cinema da América Latina e a internacionalização. Francisco Cesar Filho não esconde a felicidade com a composição das mesas de discussão: “a gente tem conseguido reunir grandes nomes da produção cinematográfica da América Latina. É um festival que tem a pretensão de ser o palco de produções da cinematografia latino-americana”.

Todos os filmes terão exibição gratuita e os ingressos devem ser retirados com uma hora de antecedência. A curadoria tem ainda André Sturm e Jurandir Muller.

Veja aqui a programação completa.

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