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Plano de governo de Bolsonaro é ‘Ctrl C + Ctrl V’, alerta professor

Diversos trechos do plano de governo do candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro (PSL), são exatamente iguais a matérias jornalísticas publicadas na imprensa

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Se o programa de governo de Bolsonaro fosse um trabalho de escola, ele seria reprovado por plágio

São Paulo – Se o programa de governo do candidato da extrema-direita no segundo turno das eleições 2018, Jair Bolsonaro, fosse um trabalho de escola, ele seria reprovado por plágio. É o que alerta o professor Rafael Pereira, que identificou trechos do material registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que parecem copiados de textos jornalísticos.

Ele conta que a grande quantidade de notícias falsas que circula na internet o fez buscar os planos de governo dos candidatos para ter acesso a uma informação fiel. “Ao ler a parte sobre transportes do plano de governo do Jair Messias Bolsonaro, mais precisamente na página 76, percebi que algo não estava adequado: a linguagem e o recorte dos dados estavam dispostos de um modo jornalístico”, conta.

Instigado pelo tipo de escrita, Rafael, que é pesquisador, decidiu fazer uma série de buscas no Google. “Fiquei estagnado: parte do plano de governo do candidato Bolsonaro parece ser uma cópia de diversos site de notícias. Exatamente o que você leu. É provável que algumas partes do plano de governo sejam copiadas e coladas de alguns sites sem as devidas referências”, afirma.

Ele conta que, ao analisar duas páginas encontrou quatro possíveis cópias. “Como não vi ninguém compartilhando essas informações, acho interessante que as pessoas saibam dessa hipótese. Até pode-se alegar que são somente informações e que a disposição dos dados é mera coincidência, já que não há como manipular as informações dos órgãos de pesquisa. Mesmo que fossem apenas informações, por que o recorte não foi dado direto das fontes e escritos de maneira original?”, questiona.

Na página 77 do programa, Rafael conta que encontrou outro tipo de cópia. “Uma das propostas no plano de governo é uma declaração de 2013 do ex-ministro Leônidas Cristino. Uma declaração de uma entrevista que virou plano de governo, sem estar com mais detalhes ou escrita de outro modo. Por isso o recado: estudem seus candidatos!”.

Trechos similares

Na página 77, o plano de Bolsonaro fala sobre portos. “É necessário melhorar a eficiência portuária e reduzir custos, além de atrair mais investimentos para atender a demanda crescente do país”. Em matéria da Agência Brasil de 2013, publicada também na RBA, aparece o trecho: “A medida tem o objetivo de melhorar a eficiência portuária e reduzir custos, além de atrair mais investimentos para atender a demanda crescente do país”. A matéria fala sobre ações do governo de Dilma Rousseff (PT) para garantir a eficiência da chamada MP dos Portos, um marco regulatório do setor.

Sobre o transporte hidroviário, na página 76, o programa diz: “Os investimentos do governo federal no transporte hidroviário caíram 77% desde 2010. Os valores destinados ao setor, que chegaram ao patamar de R$ 1,5 bilhão no começo da década, caíram para somente R$ 300 milhões, em 2016. O levantamento foi feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI)”. Em matéria do Portal da Indústria, de 2017, as mesmas palavras: “Os investimentos do governo federal no transporte hidroviário caíram 77% desde 2010. Os valores destinados ao setor, que chegaram ao patamar de R$ 1,5 bilhão no começo da década, caíram para somente R$ 300 milhões, em 2016. O levantamento foi feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base em dados do Siafi.”

Em outro trecho, na mesma página: “No Brasil, para cada 1.000 quilômetros quadrados de área temos 3,4 quilômetros de infraestrutura ferroviária. Nos Estados Unidos, o índice é de 22,9 quilômetros e na Argentina,13,3 quilômetros”. O texto aparece em publicação do Correio Braziliense de janeiro deste ano. “O Brasil tem 3,4 quilômetros de infraestrutura ferroviária para cada 1.000 quilômetros quadrados de área. Nos Estados Unidos, o índice é de 22,9 quilômetros. Na Argentina, 13,3 quilômetros.”