Repercussão

‘Retorno perturbador ao passado’, diz ‘Le Monde’ sobre Bolsonaro

Em seu editorial, o principal jornal da França destaca ligações do novo presidente com a ditadura civil-militar. Outros veículos da imprensa internacional indicam avanço da extrema-direita no país

Le Monde/Reprodução

Discursos e postura de Bolsonaro frente às minorias sociais do país, rendeu-lhes comparações como o “Trump do Brasil”

São Paulo – O site do jornal francês Le Monde abriu sua home desta segunda-feira (29) com editorial sobre a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para o novo presidente da República, destacando sua vitória como um “retorno perturbador ao passado”. “O Brasil acaba de eleger um presidente racista, sexista, homofóbico e partidário da tortura”, descreve o editorial.

Eleito neste domingo (28) com 55,1% dos votos válidos, ante os 44,9% registrados pelo seu adversário Fernando Haddad (PT), Bolsonaro é lembrado pelo principal jornal francês por seus discursos nostálgicos sobre a ditadura civil-militar, além de seus ataques contra mulheres, negros, indígenas, população LGBT e o culto às armas, desconsiderados, segundo a publicação, pelos brasileiros que relativizam seu extremismo.

Em comum à análise do Le Monde, o diário espanhol ABC aproxima o apoio a Bolsonaro à eleição do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também conhecido pelo seu radicalismo contra minorias sociais. “Brasil elege seu Trump” compara o candidato do PSL ao mandante americano, que já acenou com cooperação comercial com o novo colega brasileiro, logo após o resultado da eleição. 

Segundo o jornal espanhol El País. uma campanha baseada em desinformações nas redes sociais e, sobretudo, “por atitudes antidemocráticas de Bolsonaro”, levaram ao que apoiadores do presidente eleito chamam de “nova era”.

Já segundo o alemão DW (Deutsche Welle), o discurso do novo presidente também sugere um clima de incertezas em relação às liberdades individuais e à democracia em geral. Apesar de, em seu primeiro discurso após a confirmação de sua vitória, ressaltar que será  “defensor da Constituição, da democracia e da liberdade”, o governo da Alemanha declarou preocupação pelas declarações feitas por Bolsonaro durante a campanha eleitoral.

O mesmo veículo traz ainda, em outra matéria, em sua edição em alemão, uma entrevista com o cientista político Marco Aurélio Nogueira, que alerta para o clima de ódio e intolerância instaurado durante a eleição e questiona fortemente a capacidade de Bolsonaro mediar os conflitos e as divisões brasileiras. “Como pessoa, ele não está preparado para isso”, afirma o analista. 

 

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