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Operação #ViraVoto ganha força na reta final do segundo turno

Em todo o país, grupos deixam as redes sociais e vão às ruas conscientizar os indecisos. Muitos levam café, chá, bolos e doces, servidos durante a conversa que esclarece propostas e dúvidas

Reprodução/Twitter

As atrizes Luisa Arrais e Letícia Colin também acolhem eleitores para um lanche enquanto conversam sobre o futuro do país

São Paulo – Em oposição ao ódio, o acolhimento e o diálogo. Às notícias mentirosas espalhadas pelo WhatsApp e Facebook, uma conversa olho no olho na praça, na esquina, a qualquer hora do dia. Nesses últimos dias que antecedem o segundo turno da eleição que vai escolher o novo Presidente da República, profissionais de diversas áreas, estudantes, artistas, aposentados e militantes dedicam parte de seu tempo para apresentar as propostas de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), explicar o significado de cada uma para quem quiser saber mais.

E, principalmente, desmentir e esclarecer sobre as fake news e conversar sobre o impacto que os projetos dos candidatos deverão ter sobre a vida das pessoas, seus familiares e o país como um todo.

Para despertar a atenção dos indecisos ou pouco convictos em relação ao candidato que terá o seu voto, os ativistas da virada de votos em favor de Haddad, mesas com bolos, brigadeiros, chá, café e faixas e cartazes convidativos.

Em Salvador, encontros de integrantes do coletivo PartidA (assim, com A maiúsculo) e do espaço alternativo de artes Casa Rosada discutiram ações que culminaram com a troca de café por um papo. “É uma forma de enfrentar o fascismo, tentar reverter esse quadro de perda de direitos de cidadania, com a nossa democracia em risco. Esta é uma ideia inspirada no trabalho de uma amiga, de Ibicoara, que vai à feira conversar com as pessoas. E aí uniu com o trabalho que uma outra amiga já fazia, que é trocar café por prosa. Surgiu então a ideia de ir para pontos da cidade, levando banquinho, mesa, umas coisinhas para beliscar, café, chá”, conta a historiadora Adriana Albert Dias.

O “troque café por papo” já teve três ações, cada uma em bairros diferentes, inclusive na periferia. “Como a minha vontade é virar muitos votos, eu saio meio frustrada, querendo mais viradas do que consegui”, conta Adriana.

Como as fontes de informação são básicas em seu dia a dia profissional, que busca a verdade dos fatos, ela leva para as atividades resumos de planos de governo. “Assim, caso as pessoas queiram saber sobre os planos, é uma boa forma de argumentar e a gente não fica só no papo das fake news”, diz. 

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No centro de Salvador, mais informação sobre as propostas de cada candidato

 

Nesta quarta-feira, Adriana acredita ter virado pelo menos um voto. “Conversei com um rapaz, Josué, um segurança, negro, com três filhos adultos, que acha um absurdo a proposta de armar a população. Mas ele estava pensando em anular o voto por causa de tanta noticia ruim que estava recebendo pelo celular contra o 13, que ele disse já ter votado muitas vezes, mas agora estava em dúvida”.

“A gente foi conversando e comparando os planos de governo, de educação, falei da reforma trabalhista, do aumento da violência e a falta de educação e cultura. Por fim ele perguntou se o kit gay existia. Ele conversou com outras pessoas que estavam na praça e voltou na nossa mesa. Disse que tinha resolvido mudar o voto, que seria 17 menos 4, e agradeceu. Foi uma história feliz.”

Do mesmo grupo, a psicóloga e arteterapeuta Soraia Mascarenhas Neves conta que pessoas que afirmam ter decidido o voto também se aproxima da mesa. Muitos já vêm até com argumentação, buscando o debate ou mesmo a contestação. “Sem querer ir para o confronto, a gente ouve, faz umas perguntas e tenta fazer com que eles percebam contradições em seu pensamento. Um senhor, por exemplo, disse que queria um país pior. Questionado, acabou dizendo achar que pior não poderia ficar. A saída é mostrar que é possível melhorar”, conta Soraia. 

Segundo ela, a experiência permite ainda conhecer um pouco mais sobre o pensamento do eleitor de Bolsonaro, especialmente as mais velhas. “Chegam a dizer que não votariam em um candidato que representa risco para direitos, como o fim do 13º salário. Mas resistem a acreditar nos vídeos que a gente mostra. Fico pensando sobre o grau de informação que essa faixa da população mais idosa tem. Mesmo quando vêem os vídeos, chegam a dizer que talvez o candidato pode mudar de ideia”.

“Me parece que as pessoas acreditam mesmo que esse capitão é uma figura mítica, um super homem, que de maneira mágica vai tirar o país da lama só pelo fato de assumir a Presidência, sem acreditar que ele vai fazer todas as barbaridades que diz que vai fazer”.

Confira outros movimentos pela virada:

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No Largo da Batata, em São Paulo, grande ato dá espaço à operação Vira Voto

 

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Em Fortaleza, ganha um brigadeiro quem acertar o autor da frase

 

Arquivo pessoal#viravoto  em Salvador
Praça da Piedade, no centro de Salvador

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Mulheres explicam que o kit gay, na verdade, nunca existiu

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Ativista chama eleitores de Ciro para o voto em Haddad