democracia

‘Estado tem que abraçar todas as crenças’, diz Haddad

Candidato aponta para a gravidade de Bolsonaro ter chamado dom Paulo Evaristo Arns de 'vagabundo e picareta' e a igreja do bispo Edir Macedo “colocar uma TV a serviço desse candidato'

Reprodução

“Bolsonaro nunca apresentou uma boa ideia, votou contra as pessoas, o trabalhador e a empregada doméstica

São Paulo – O candidato a Presidente Fernando Haddad (PT) concedeu duas entrevistas na noite desta quarta-feira (17), ao SBT e ao jornalista Bob Fernandes. Na emissora de Silvio Santos, ele foi questionado logo de início sobre a polêmica com o senador eleito Cid Gomes que, após um início de semana tenso com o partido da coligação Povo Feliz de Novo, divulgou um vídeo declarando seu apoio a Haddad. Segundo o petista, a polêmica ocorreu “no calor de uma discussão” e a clara posição de Cid foi passada por meio de “uma mensagem forte”. 

A Bob Fernandes, o candidato demonstrou preocupação com a instrumentalização da política por grupos religiosos. Com pregação de violência e ódio, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) é apoiado pela Igreja Universal de Edir Macedo, dono da TV Record. “O Estado tem que abraçar todas as crenças. Todo mundo é cidadão”, disse.

Ele afirmou ser muito grave o fato de a igreja do bispo “colocar uma TV a serviço desse candidato que chamou dom Paulo Evaristo Arns de vagabundo e picareta”, assim como seus apoiadores terem atacado os católicos como membros de uma “igreja de gays e comunistas”.

Reiterou sua proposta de revogar a chamada PEC do Teto de Gastos. “O governo Temer, com apoio de Bolsonaro, aprovou que o gasto público tem que ser congelado por 20 anos, mesmo que a economia cresça.” Segundo Haddad, se eleito, seu governo reiniciará 2.800 obras paradas no país, o que trará geração de emprego imediatamente.

Sobre qual o perfil de seu eventual ministro da Fazenda, respondeu que, “com certeza, não seria alguém do perfil do Paulo Guedes (cotado para ser ministro do adversário), um banqueiro que só ganhou na especulação e sem sensibilidade social”.

Perguntado por Bob Fernandes sobre o que diria sobre a possibilidade de uma vitória de Bolsonaro, afirmou: “Nem quero pensar, porque tenho 15 dias (na verdade 11) para evitar que isso aconteça”.

Para ele, Bolsonaro “nunca apresentou uma boa ideia (como deputado), votou contra as pessoas, o trabalhador, e empregada doméstica”. Seu oponente apareceu com a força que tem hoje devido “ao colapso do sistema político”. “O financiamento empresarial de campanha arruinou o sistema e as pessoas querem alguém que parece estar fora desse sistema”.

Seu papel como candidato, disse, é “buscar a reconciliação, (e) isso só é possível pelo caminho democrático”.

No SBT, lembrou que Bolsonaro foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral a parar de falar sobre o kit gay, uma notícia comprovadamente falsa e classificada pelo tribunal como mentira.

Explicou o porquê de sua campanha ter substituído o vermelho, no segundo turno. Disse que, agora, representa forças além do PT, que se unem em defesa da democracia ameaçada pela candidatura de Bolsonaro. Segundo ele, em todas as vezes em que o partido disputou o segundo turno a estratégia foi a mesma.

Como sempre, foi chamado a responder sobre corrupção e afirmou que um erro nas gestões petistas foi não ter usado os órgãos de controle nas estatais e que, como presidente, vai adotar os sistema em todas as estatais. 

Perguntado pelo apresentador Carlos Nascimento se a operação Lava Jato foi positiva ou se perseguiu o PT, respondeu que, “em geral, ele (Sérgio Moro) ajudou”, mas que Lula não foi julgado pelos tribunais superiores. “Em relação à sentença do Lula, tem um erro que vai ser corrigido pelos tribunais superiores, porque ele não apresentou provas contra o presidente.”

O jornalista quis saber quais os apoios que a campanha obteve no segundo turno e, especificamente, questionou sobre o tucano Fernando Henrique Cardoso até agora. Segundo Haddad, o ex-presidente do PSDB “está numa saia justa”, já que algumas lideranças do seu partido não o apoiam, embora lideranças tucanas estejam ao seu lado e da democracia, ao lado de “todos os que lutaram contra a ditadura e a tortura”.

Ele mencionou, entre seus apoiadores, o advogado criminalista José Carlos Dias, ministro da Justiça de FHC e defensor de presos políticos durante a ditadura.

Citou o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa e o educador Mário Sergio Cortella como personalidades com as quais tem procurado conversar sobre contribuições “para melhorar o plano de governo”.

Ele falou também sobre a segurança pública em seu plano de governo, que prevê que as organizações criminosas serão combatidas pela Polícia Federal, enquanto as polícias Civil e Militar dos estados se encarregarão dos crimes contra a pessoa humana, como homicídio, estupro e roubos.

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