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Em defesa da democracia, artistas de São Paulo proclamam: ainda cabe sonhar!

Em defesa da democracia, centenas de artistas e ativistas culturais se espalham pelas ruas e convidam cidadãos a dialogar sobre projetos para o Brasil. E sobre o futuro onde caibam música, arte e amor

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Ato seguiu por toda a tarde ensolarada na capital paulista

São Paulo – “Alerta, desperta, ainda cabe sonhar.” O canto, entoado por centenas de vozes, tomou as ruas do Centro de São Paulo durante todo o dia nesta terça-feira (23). Era o grito do movimento coletivo Arte pela Democracia. A iniciativa dos artistas e ativistas culturais teve início por volta de 12h, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo. Depois, grupos se dividiram pelo centro da cidade, para conversar com a população sobre os riscos que corre a democracia brasileira. 

Os grupos, que se reuniram após o primeiro turno das eleições, passaram o dia em diferentes ruas, promovendo as mais diversas ações lúdicas, a fim de convidar a população para dialogar sobre o futuro do Brasil.

Na esquina da Rua São Bento com a Praça do Patriarca, músicos entoavam um samba e pediam: “Pare para cantar, pare para pensar”. Mais adiante, em frente ao prédio da Prefeitura, uma ciranda convidava a celebrar o amor e a vida. Outro grupo fazia uma pequena encenação na qual pessoas desesperadas disputavam uma carteira de trabalho levada a uma distância inalcançável por um demônio em perna de pau.

Em frente ao prédio da BM&F Bovespa, na Praça Antonio Prado, outro convite impresso em cartazes: “Senta, come um bolo e vamos trocar uma ideia sobre o Brasil”. O objetivo era de conversar com as pessoas abertas ao diálogo, para mostrar os perigos representados pelo avanço da extrema-direita, representado por Jair Bolsonaro (PSL), no segundo turno das eleições 2018. 

Na mesma praça, outros artistas tocavam forró e convidavam homens e mulheres para dançar.

“Queremos trocar uma ideia sobre o país com diálogo, afeto, amor, carinho, valores que são importantes para constituir a democracia, para ser feliz. Política de afetos, essa é a ideia”, conta o DJ Eugênio Lima.

O professor Aron foi um dos que debateu sobre votos de indecisos. “Tem muita falta de informação, muita mentira mesmo que estão acreditando que é verdade. Vamos conversando e tirando os mitos pra trazer informação mesmo”, disse após terminar uma conversa com um cidadão atento. O alerta de Aron reforça como a estratégia da campanha de Bolsonaro confunde e frauda a vontade do povo. Através de um amplo esquema de caixa 2 denunciado na última semana, uma enorme máquina virtual distribui notícias falsas e difama adversários através das redes sociais, especialmente o WhatsApp.

“São vários grupos de vários artistas dialogando com a cidade, com as pessoas, conversando mesmo para tentar entender o que está acontecendo porque é um momento muito sério no Brasil. A democracia não dá pra brincar, não pode por isso numa aventura”, ressaltou a atriz Luaa Gabanini, uma das organizadoras das ações. “Temos um dispositivo que é uma pergunta: vota branco ou nulo? Se a pessoa disser sim a gente fala: posso perguntar por quê? A gente quer abordar quem quer dialogar com quem está com dúvida. Estamos aqui para conversar e pensar o Brasil”, completou.

O ato seguiu por toda a tarde. Quem percorreu as ruas do centro histórico da capital paulista, acompanhou uma espécie de virada da democracia, idealizada espontaneamente por artistas que temem o retorno de dias sombrios e, principalmente, acreditam na capacidade de virar o jogo. O encerramento reuniu os grupos no Vale do Anhangabaú, cantando em coro: “Alerta, desperta, ainda cabe sonhar”.  

O Arte pela Democracia volta a se reunir em frente ao Teatro Municipal de São Paulo nesta sexta-feira (26), às 16h, para realizar uma segunda jornada pelo centro velho.

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