Escolha sem debate

‘Há pessoas ainda inseguras sobre o que Bolsonaro representa’, diz professor

Professor da Unicamp avalia que escolha pelo candidato do PSL, além de responder ao antipetismo, também se dá pela ausência em debates televisivos e por conta da desinformação do eleitorado

José Cruz EBC/Reprodução

Pesquisa do Datafolha aponta que 23% do eleitorado mudaria voto dependendo do comportamento do candidato em debate

São Paulo – Para o cientista político e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Wagner Romão, a pesquisa do Instituto Datafolha divulgada nesta quinta-feira (19), revelando que, para 67% do eleitorado brasileiro, os debates presidenciais são muito importantes, mostra a necessidade da população por mais informações em relação ao candidato da extrema direta Jair Bolsonaro (PSL), que se recusa a participar dos debates contra seu adversário Fernando Haddad (PT).  

“A impressão que dá é que as pessoas estão muito mais optando por um candidato que não seja um candidato do PT, mas ainda estão muito inseguras sobre, afinal de contas, o que realmente representa o Bolsonaro”, avalia Romão em entrevista à repórter Beatriz Drague Ramos, da Rádio Brasil Atual, sobre os dados do Datafolha apontando que 73% dos questionados acham importante a presença de Bolsonaro nos debates televisivos. Segundo a sondagem, isso poderia interferir na escolha de 23% do eleitorado de acordo com o comportamento dos candidatos num confronto.

Com a decisão de Bolsonaro, que alega ser secundário o debate e sofrer de desconforto devido ao estado de saúde, apesar de já ter sido liberado pelos médicos, esta será a primeira vez que não haverá embate televisivo, no segundo turno, desde a redemocratização. Para Romão, essa atitude mereceria repúdio dos veículos de comunicação à postura do candidato do PSL e abertura de espaço à fala de Haddad.

O professor da Unicamp critica ainda a atuação do Judiciário e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em especial, segundo ele, agindo como “cúmplices de atentados contra à democracia”, principalmente nos casos de violência por apoiadores de Bolsonaro. “O TSE está se omitindo, na verdade, o Judiciário, de uma maneira geral, perdeu o controle do processo eleitoral”, afirma.

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Esta reportagem está a partir de 1:15:28

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