Rio Grande do Sul

Tarso cobra respostas concretas e Sartori diz que adversário o ofende em debate

Governador diz que renda do trabalhador aumentou no dobro da média nacional e que estado vive pleno emprego. Ex-prefeito de Caxias defende PPPs para pedágios e acusa governo federal por aumento da violência

Ramiro Furquim/Sul21

Encontro entre petista e peemedebista teve formato inusitado, com poucos confrontos diretos

Porto Alegre – O primeiro debate televisivo do segundo turno das eleições para o governo do estado do Rio Grande do Sul seguiu um formato inusitado: apenas no primeiro bloco os candidatos fizeram perguntas entre si, com temas definidos, no segundo responderam perguntas feitas pelos jornalistas ou pela emissora e, nos dois últimos, fizeram colocações durante quatro rodadas de dois minutos. Dessa forma, os candidatos não fizeram questionamentos sobre tema livre um para o outro. Durante o debate, o governador Tarso Genro (PT) cobrou de seu adversário propostas concretas, enquanto José Ivo Sartori (PMDB) disse que ele o acusava e defendeu “não olhar pelo retrovisor”.

Já nas considerações iniciais, Sartori agradeceu os eleitores por terem “consultado seu coração” e afirmou estar disposto a “olhar para o futuro e não para o passado e participar de campanha sem ofensas, sem agressão”. Tarso começou colocando que tem “identidade política clara” e dizendo que a renda das famílias gaúchas cresceu o dobro do resto do Brasil durante seu governo. “Estamos em pleno emprego em função dos investimentos e da atração da empresas. Rio Grande não é mais o mesmo”, apontou.

O debate foi aberto com uma pergunta feita pela emissora Band, sobre segurança pública. Tarso falou sobre políticas implantadas em seu governo, como concursos para a Polícia Civil, Brigada Militar e Instituto Geral de Perícias. “Hoje, mais de 70% dos homicídios são solucionados. Já temos 140 núcleos de policiamento comunitários. A segurança está melhorando, é incomparável com Santa Catarina, São Paulo ou Rio de Janeiro”, alegou. O candidato do PMDB, no entanto, afirmou que “todos os indicadores apontam para o aumento da criminalidade” e defendeu a ampliação de um policiamento ostensivo, combate às drogas e promoção da cultura de paz.

Perguntando a Tarso sobre pedágios, Sartori disse que o governo de Antonio Britto (PMDB) foi o primeiro a implantá-los para “melhorar qualidade das estradas” e questionou por que Olívio Dutra (PT) não modificou. O atual governador disse que os governos seguintes ao de Britto tiveram de seguir o modelo contratual formado por ele. “(Os pedágios de Britto) cercaram cidades de uma maneira humilhante, como em Farroupilha. Tive que ser eleito para acabar com aquele pedágio. Constituímos empresa pública, barateamos 30% dos pedágios, extinguimos em vários pontos, e hoje a EGR já atua em 900 km de estradas”, afirmou. Sartori rebateu que os pedágios atuais “não têm tempo definido para acabar”, defendeu o modelo implantado pelo governo federal e as parcerias público-privadas.

Em sua vez de questionar, Tarso falou do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social implantado em seu governo, que estabeleceu parceria com movimentos sociais, perguntando a Sartori sobre sua avaliação desse órgão. “Conselhão com entidades representadas vai ter consulta permanente, não só sobre um assunto ou outro. Entendemos e fizemos essa experiência para o acesso a todas as obras da comunidade com movimento comunitário em Caxias”, afirmou Sartori, ex-prefeito da cidade serrana. O governador disse que o adversário não respondeu à sua pergunta e mais uma vez “foge do diálogo”. “Estou fazendo pergunta sobre políticas públicas”, disse Tarso.

Voltando ao tema da segurança, com o enfoque em combate às drogas, Tarso apontou que seu governo instaurou o policiamento comunitário e defendeu programas que sejam “menos repressivos e mais preventivos”, lembrando que houve uma redução de 32% nos feminicídios em 2014. Já Sartori disse que o governo federal não cuida das fronteiras, por onde entram as drogas, e também defendeu o policiamento comunitário, além de redes terapêuticas.

Sorteado para perguntar sobre o piso do magistério, Tarso disse que o programa do adversário vincula despesas com educação à evolução da receita e questionou “o que significa” isso em termos de pagamento para servidores. “Aquilo que é lei terá que ser necessariamente cumprido. Eu sei da importância que tem servidores. Vou querer que governo funcione, atenda bem e melhore a vida das pessoas”, respondeu Sartori. Na réplica, o petista acusou mais uma vez o ex-prefeito de Caxias de não responder diretamente, ao que Sartori disse que primeiro quer “assumir o governo e chegar lá na contabilidade”.

Saúde

No segundo bloco, as perguntas foram formuladas por jornalistas da Band. Respondendo sobre saúde, Tarso falou do problema relacionado a remédios para cidadãos que não têm condições de comprar. “É preciso que se tome providencia no âmbito federal para regularizar estoques e mudar lista de medicamentos (fornecidas pelo Estado). Aqui não somente organizamos estoques como chegamos aos 12% na saúde, refinanciamos hospitais filantrópicos”, disse. O adversário respondeu que segundo o Tribunal de Contas, o estado investe apenas 9% em saúde — o que depois foi negado por Tarso — e disse que conhece o SUS “desde o começo”. “É preciso construir para aquilo que a população espera para ser bem atendida e encontrar uma maneira de não desperdiçar o capital daqueles pequenos hospitais”, afirmou Sartori.

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