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‘Sinal amarelo acendeu’, diz Paim sobre resultados do PT no Rio Grande do Sul

Senador comenta derrota de Olívio Dutra e segunda colocação obtida por Tarso Genro, e vê com atenção duelo entre Dilma Rousseff e Aécio Neves: 'O povo não quer viver de recordação'

Jefferson Rudy/Agência Senado

Para senador, com envelhecimento da população, idosos terão cada vez mais peso nas eleições

São Paulo – Para o senador Paulo Paim (PT-RS), alguns resultados obtidos nas eleições de ontem (5) demonstram que os petistas passam por um momento preocupante no Rio Grande do Sul. “E também no Brasil”, complementou, em entrevista à RBA.

Apesar de o PT manter a maior bancada na Câmara e a segunda no Senado, além de ter eleito governadores no Piauí, Minas Gerais e Bahia, o gaúcho afirma que é preciso analisar o momento com profundidade. “O povo sinaliza que quer algo mais do que fizemos até agora. Temos que dizer com muita clareza o que pretendemos fazer daqui pra frente. O sinal amarelo acendeu.”

Paim se refere sobretudo ao desempenho do PT em seu estado. Ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro das Cidades durante o governo Lula, Olívio Dutra, um dos quadros históricos do partido, perdeu a disputa pelo Senado para o ex-apresentador de TV Lasier Martins (PDT). O resultado foi apertado: 37,42% a 35,31%. “Houve praticamente um empate, porque 100 mil votos é uma diferença muito pequena para o universo de 7 milhões de eleitores gaúchos”, minimizou Paim. “Mas não importa: poderiam ter sido dez votos. Perdemos do mesmo jeito.”

O senador lamenta ter deixado de ganhar no Legislativo a companhia de seu conterrâneo e correligionário. “Olívio é um homem comprometido com mudanças, com a seriedade na política, sempre olhando para os que mais precisam. É um político que defende causas e não coisas”, queixou-se, apontando algumas falhas na campanha. “Olívio esqueceu uma coisa fundamental em tempos de urna eletrônica: a equipe dele não divulgou seu número tanto quanto deveria”, analisa. “Eu mesmo, na hora de votar, quase esqueci.”

Outro resultado que desagradou os petistas gaúchos foi a segunda colocação obtida pelo governador Tarso Genro (PT) em sua campanha pela reeleição. Com 32,57% dos votos válidos, Genro jogará sua permanência no Palácio Piratini com José Ivo Sartori (PMDB), inesperado vencedor do pleito, com 40,40%.

“Sabíamos desde o início que era eleição disputada. Tanto que a candidata do PP, Ana Amélia Lemos, esteve na frente das pesquisas até os últimos 15 dias”, lembra Paim. “No final é que Tarso deu uma virada. Dá pra ganhar no segundo turno.” Tarso chegou a aparecer na frente nas pesquisas, que simplesmente não previram o crescimento de Sartori da forma que se deu, excluindo a senadora do PP da segunda rodada.

O senador compara a recente eleição para o governo gaúcho com um fenômeno ocorrido no pleito de 2002, que deu a vitória para Germano Rigotto (PMDB). “Enquanto os favoritos se digladiavam, ele correu por fora e venceu”, avaliou. “Sartori veio da mesma cidade que Rigotto, Caxias do Sul, e usou a mesma tática. Com base eleitoral sólida, não entrou na polarização de Tarso e Ana Amélia. Correu por fora e enganou as pesquisas. Quase ganha no primeiro turno.”

Paim também vê com preocupação o resultado das eleições presidenciais, que, tal como previam as pesquisas, foi vencida pela presidenta Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, mas com uma inesperada votação para Aécio Neves (PSDB). O placar final – 41,59% a 33,55% – surpreendeu tucanos e petistas. “Quem é governo tem de mostrar o que fez, mas tem que dar um passo à frente. O povo não quer viver de recordação”, critica. “Temos que dizer como será daqui pra frente na saúde, educação e distribuição de renda. O povo quer resultados.”

Finalmente, o senador gaúcho lamenta o número cada vez menor de representantes dos trabalhadores no Congresso. “E o poder econômico avança”, afirma, vendo esperanças na mobilização social para garantir, aumentar ou evitar a perda de direitos. “A sociedade organizada e os movimentos populares têm que fazer pressão legítima e democrática em cima do parlamento, para não permitir que só o poder econômico seja determinante no processo parlamentar.”

Um dos grandes defensores do fim do fator previdenciário – criação do ex-presidente FHC que classifica como “maior violência contra os trabalhadores já praticada pelo governo desde a ditadura” –, Paim chama a atenção para a importância crescente dos idosos no jogo eleitoral. “Aposentados ou não, eles serão em breve a maior força política votante do país”, anota. “Terão cada vez mais peso, até porque o idoso influencia no voto do filho, neto, bisneto, leva mais dois três votos com ele.”

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