Debate

PT de São Paulo começa a traçar cenário para melhorar desempenho eleitoral

Após números abaixo do esperado nos dois turnos, lideranças acreditam que partido 'pagou preço alto' por campanha midiática contrária e falta de discussão sobre problemas locais

Georgia Branco

Padilha e Emidio de Souza em campanha na cidade de Osasco, na Grande São Paulo

São Paulo – Passada a mais dura disputa entre PT e PSDB pela presidência da República, desde o início da polarização protagonizada pelos dois partidos, em 1994, o PT começa a se reunir nos próximos dias para discutir o que pode ser melhorado em São Paulo, onde os tucanos conseguiram reeleger Geraldo Alckmin e tiveram votações expressivas para Aécio Neves contra Dilma Rousseff.

“Os problemas que o PT está passando hoje não têm a ver com esse período, mas com tudo o que aconteceu nos últimos anos. A imagem do PT foi muito afetada pelo mensalão, por exemplo”, avalia o presidente do partido no estado, o ex-prefeito de Osasco Emidio de Souza. “Estamos pagando um preço alto por tudo o que ocorreu, e tudo pegou mais em São Paulo. Mas vamos fazer um balanço mais completo, com mais cuidado. Por enquanto são só opiniões soltas.”

Aécio conseguiu no segundo turno cerca de dois terços do eleitorado do maior colégio eleitoral do país, 64,31% dos votos válidos, contra apenas 35,69% de Dilma. Foram 15,3 milhões de votos para o candidato do PSDB e 8,5 milhões para a petista. O candidato à reeleição ao governo do estado, Geraldo Alckmin, confirmou a hegemonia tucana e venceu no primeiro turno com facilidade, apesar das denúncias de escândalo do cartel do Metrô e da maior crise hídrica já vivida no estado.

Alckmin obteve 57,31% dos votos válidos, seguido de longe por Paulo Skaf (PMDB), com 21.53%. O petista Alexandre Padilha, com 18,2%, ficou em terceiro lugar, contrariando as expectativas otimistas de que pudesse chegar ao patamar da votação histórica do PT em São Paulo, entre 25% e 30%.

Para o deputado estadual Edinho Silva, presidente do PT em São Paulo por seis anos, até o mandato encerrado no fim de 2013, a eleição de 2014 vai marcar época não só na história do PT, mas também na história da política brasileira. Como Emidio, ele acredita que é preciso fazer uma análise com mais tranquilidade, mas menciona alguns fatores para o desempenho do partido no estado.

Em primeiro lugar, o fato de a imprensa paulista não ter uma pauta regional e não debater os problemas locais, quase como se não existissem, o que diminui a importância da eleição estadual. “Os jornais de São Paulo e as rádios têm agenda nacional. Em outros estados, você tem jornais que, claro, tratam os temas nacionais, mas tratam os regionais também. Isso não existe no nosso estado hoje. E o que tem é uma agenda nacional totalmente adversa a nós, por uma série de questões.”

Na opinião de Edinho Silva, a “manipulação de informações” relativas a essa agenda nacional, repleta de denúncias de corrupção contra o PT, mostra que é preciso mudar a legislação eleitoral. “Tivemos um nível de manipulação de informação que interferiu no processo eleitoral. Isso tem de ser coibido porque coloca a democracia em xeque. Temos que fazer não só uma reforma política, mas uma reforma eleitoral que torne as disputas nesse sentido mais igualitárias.”

O parlamentar entende ainda que a crise econômica internacional teve influência negativa especialmente na campanha de Padilha e de Dilma no estado. “A desaceleração da economia internacional, que se reflete na economia brasileira, provoca uma desaceleração mais acentuada em São Paulo, porque temos aqui 40% do parque produtivo nacional. A candidatura de Padilha foi vítima desse processo.”

Ontem (27), o presidente nacional do partido, Rui Falcão, afirmou preferir esperar os debates da instância estadual para se posicionar. “A direção do PT estadual deve estar iniciando um balanço sobe os resultados. Vamos deixar a direção concluir para podermos dialogar e saber que medidas podemos adotar em conjunto com a militância e o partido em São Paulo.”

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