Surpresas

No Rio, Pezão e Crivella já disputam apoio de Dilma no segundo turno

Governador, porém, admite que peemedebistas podem fazer campanha por Aécio, o que é visto pelo oponente como trunfo para atrair a petista. Candidato do PRB quer ainda apoios de Lindberg e Garotinho

Fernando Maia/Pezão 15

Governador saiu na frente no primeiro turno, com a surpresa da chegada de Crivella na segunda posição

Rio de Janeiro – A ida de Marcelo Crivella, do PRB, ao segundo turno contra o governador Luiz Fernando Pezão, do PMDB, que tenta a reeleição, foi a grande surpresa reservada pelas urnas no Rio de Janeiro neste domingo (5). Terminada a apuração dos votos, Crivella contrariou todas as pesquisas de boca de urna e superou o adversário Anthony Garotinho, do PR, por meio ponto percentual, em um resultado que abre especulações sobre o posicionamento dos peemedebistas fluminenses em relação ao segundo turno das eleições presidenciais, já que Pezão apoia a presidenta Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, mas parte da direção regional do partido fez campanha para Aécio Neves, do PSDB, em um movimento que ficou conhecido como “Aezão”.

Com 100% das urnas apuradas, Pezão obteve 40,57% dos votos. Na disputa pelo segundo lugar, Crivella conquistou 20,26% dos votos, contra 19,73% de Garotinho. Em quarto lugar ficou o candidato do PT, Lindberg Farias, com 10% dos votos, seguido de perto por Tarcísio Mota, do Psol, que obteve 8,92% dos votos. Dayse Oliveira (PSTU) teve 0,42%, e Ney Nunes (PCB) 0,11%.

Logo após a confirmação do segundo turno, Pezão reafirmou seu apoio a Dilma e disse contar com a subida da presidenta em seu palanque na campanha do segundo turno: “Tenho uma relação excelente com a presidenta Dilma desde quando ela era chefe da Casa Civil. Eu vou apoiá-la e tenho certeza de que ela me apoia”, disse. O governador, no entanto, também não descartou que o PMDB faça campanha para o tucano Aécio: “Eu entendo esse movimento que houve dentro do PMDB. O meu vice, o senador Francisco Dornelles, desde o primeiro momento apoiou o senador Aécio Neves, mas eu apóio a presidenta Dilma e tenho um carinho muito especial por ela.”

Pezão afirmou que “é difícil deter” o movimento “Aezão”, capitaneado pelo presidente regional do PMDB, Jorge Picciani: “O PT, a partir do momento em que lançou sua candidatura ao governo aqui no Rio, abriu brechas para ter esse movimento dentro do PMDB. São feridas difíceis de cicatrizar. Temos diversas pessoas que apoiam o Aécio, na minha aliança temos o DEM, o PSDB, o PPS, partidos que apoiaram o Aécio”, disse.

Já Crivella, depois de confirmado o resultado do primeiro turno, disse apostar em uma polarização que pode acabar trazendo Dilma mais para perto de sua candidatura, uma vez que boa parte do PMDB marchará com Aécio: “Além disso, acredito que naturalmente as forças de oposição ao governo de Cabral e Pezão estarão comigo”, disse o senador, que lutará agora para garantir os apoios de Lindberg e Garotinho no segundo turno.

Crivella disse estar preparado para uma luta desigual: “Hoje eu fiz uma caminhada de Copacabana (zona sul do Rio) até Queimados (Baixada Fluminense). Vi um mar de papel do meu adversário nas ruas. Esbanjaram recursos, pensam que podem chegar onde imaginam esbanjando dinheiro e ganhando eleição com recursos. Acho que essa campanha modesta nossa acabou também contribuindo para a gente chegar ao segundo turno.”

O senador também criticou as pesquisas de boca de urna, que apontaram Garotinho no segundo turno com 28% dos votos. “Eu disse à minha equipe que pesquisas não ganham eleição. As pesquisas foram uma catástrofe no Brasil inteiro. No Rio, todos sabem da ligação do Ibope com o PMDB. Houve o tempo todo uma esperança de que o PMDB enfrentasse o Garotinho no segundo turno ou até mesmo ganhasse no primeiro turno. Felizmente, as pesquisas não são determinantes, e está aí a prova”, disse.

Entre os candidatos derrotados ao governo do Rio, o clima era de grande abatimento. Garotinho, que imaginava estar no segundo turno até a véspera do pleito, divulgou, por intermédio de sua assessoria de imprensa, nota com uma única frase: “O povo é soberano, escolheu e eu respeito”. Já Lindberg não se manifestou publicamente até as 23h.

Romário no Senado

Já na disputa para o Senado não houve surpresa e as urnas confirmaram a fácil vitória que as pesquisas indicavam para o candidato Romário Faria, do PSB. O ex-jogador obteve 63,43% dos votos, impondo uma dura derrota ao ex-prefeito Cesar Maia, do DEM, que conquistou 20,51% dos votos. Cesar deixou de disputar o governo estadual a pedido de Aécio para fortalecer o movimento “Aezão” no Rio e acabou sacrificado. Assessores do ex-prefeito dizem que agora ele aguarda um convite para integrar o ministério de Aécio em caso de vitória do tucano no segundo turno.

Romário, que é o senador mais bem votado da história do Rio de Janeiro, com 4,6 milhões de votos, comemorou sua eleição com uma declaração em uma rede social na internet: “Meus pais, nem no melhor dos cenários, imaginariam que aquele menino que saiu da maternidade em uma caixa de sapatos ocuparia um dos cargos mais altos da República. Este cenário eleitoral comprovou que a população cansou de votar em bem nascidos e quer ver o seu espelho no Congresso. Hoje, entra para a história um ex-favelado que virou senador da República!”.

Dilma vence no Rio

Na disputa pela Presidência da República, a presidenta Dilma saiu vitoriosa no Rio de Janeiro com 35,61% dos votos. Em segundo lugar chegou Marina Silva, do PSB, com 31,06%, seguida por Aécio, com 26,95%. Lá atrás, Luciana Genro (Psol) obteve 2,72%, Pastor Everaldo (PSC) 1,63%, Eduardo Jorge (PV) 0,82 e Levy Fidélix (PRTB) 0,78%. Os demais candidatos ao Palácio do Planalto não chegaram a meio por cento dos votos no Rio.

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