PROGRAMA ELEITORAL

Alckmin encerra horário eleitoral gratuito culpando mudança climática por falta d’água

Explorado por adversários de campanha, tema dominou tempo da candidatura tucana no último dia de propaganda oficial na TV. Skaf diz incorporar demandas de junho de 2013 e Padilha pede voto de confiança

Fernanda Carvalho/ Fotos Públicas

Ao longo do ano e da campanha eleitoral, Alckmin negou que esteja faltando água para a população na capital paulista

São Paulo – No encerramento do horário eleitoral gratuito na televisão para as campanhas de governador e senador, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição, dedicou todos seus últimos minutos hoje (1º) para falar da crise hídrica que atinge principalmente as populações das regiões metropolitanas de São Paulo e de Campinas. Mas, como atribui apenas à falta de chuvas o problema, não apresentou argumentos novos, ainda que o tema tenha sido largamente utilizado pela oposição no processo eleitoral.

Confortável na liderança das pesquisas, o tucano insiste que a causa do problema seriam apenas as transformações climáticas globais, que culminam na mudança na distribuição de chuvas em todo o planeta. Voltou a dizer que foram investidos no setor, em cinco anos, R$ 2 bilhões, e que defendeu a adoção de “medidas emergenciais para que nove milhões de pessoas não ficassem sem água”, em referência à população atendida pelo Sistema Cantareira, que entrou em colapso neste ano. Em 2013, o lucro da empresa foi de R$ 1,92 bilhão.

Insistiu que seu governo “está enfrentando a maior seca da história de São Paulo”, tendo redistribuído o sistema estadual de águas, incentivado a economia e o reúso, com bônus na conta da Sabesp, e apelado para o uso da reserva técnica, o volume morto. “São Paulo sempre venceu seus desafios”, afirmou.

A aposta de Alckmin, ao longo do ano, era que as chuvas fora de época pudessem regularizar a situação dos mananciais e, contando com isso, descartou oficializar o racionamento, prevendo o desgaste eleitoral que a medida representaria. No entanto, isso vem ocorrendo desde meados do outono, em especial na periferia paulistana.

Tanto ativistas quanto autoridades têm apontado que a crise é de gestão, e não de exceção climática. Na semana passada, o presidente da Agência Nacional de Águas, Vicente Andreu, acusou o governo paulista de não esclarecer à população a alarmante falta d’água e de comprometer o futuro dos recursos hídricos do estado mais rico da federação. Grupos como o Greenpeace e o MTST já cobraram o governo Alckmin pela má gestão do sistema hídrico.

O candidato Paulo Skaf (PMDB) terminou seu programa de maneira emotiva e apelando à população que se manifestou nas ruas em junho de 2013. Pediu para São Paulo se levantar novamente.Tentou convencer o eleitor de que ele é o candidato mais próximo das ambições e indignações das centenas de milhares de brasileiros que saíram às ruas de São Paulo nos protestos, dizendo ter ficado comovido pela passeatas na Avenida Paulista, onde fica a sede da Fiesp, entidade empresarial que presidiu até se afastar para concorrer ao governo do estado.

Estacionado nas pesquisas de intenção de voto, Skaf perguntou em tom dramático por onde estariam os manifestantes de junho. “Será que cheguei atrasado? O sonho acabou? Não é possível”, lamentou.

O petista Alexandre Padilha encerrou seu programa eleitoral dizendo que a campanha toda foi marcada por dois modelos distintos de candidatos, um que estava ao lado das demandas do povo e outro, não, e se colocou ao lado do primeiro. Ele pediu ao eleitor um voto de confiança no próximo domingo (5) para que possa chegar ao segundo turno das eleições paulistas. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta Dilma Rousseff apareceram para reforçarem o voto no candidato do PT.