Na Globo

Luciana Genro e Levy têm debate à parte após episódio de homofobia

Candidato do PRTB tenta faturar com ofensas proferidas no último domingo, enquanto adversária do Psol diz que oponente chocou o Brasil e deveria ter saído algemado de encontro realizado pela Record

Danilo Verpa/Folhapress

Luciana buscou marcar posição contra Fidelix, comparado ao raciocínio de nazistas

São Paulo Luciana Genro e Levy Fidelix protagonizaram um duelo à parte no último debate entre os candidatos à Presidência da República. Se uma aresta havia sido deixada pelas declarações homofóbicas do representante do PRTB durante o encontro da Record, no último domingo (28) o evento organizado pela Globo aprofundou as divergências entre os dois candidatos, especialmente em temas morais.

Antes de manter bate-bocas com Luciana, do Psol, Levy teve um entrevero com Eduardo Jorge, do PV, que o procurou para repudiar as declarações feitas no debate anterior. “O senhor extrapolou todos os limites e, com a sua fala agredindo a população LGBT, agrediu 99% da população brasileira”, disse Jorge.

A resposta de Levy foi o primeiro momento que teve para voltar a expor sua visão sobre a temática da sexualidade. Além de recusar a proposta do oponente para que pedisse desculpas, o candidato do PRTB reiterou a noção de que a heterossexualidade é um padrão de “normalidade” que deve ser defendido pela maioria. “Você não tem moral nenhuma para me falar disso. Você, acima de tudo, propõe que o jovem consuma maconha. Isso é apologia ao crime. O aborto, apologia ao crime. Está lá no Código Penal.”

Levy deixou claro que estava disposto a faturar em cima do ocorrido ao procurar Luciana para uma pergunta sobre segurança na qual conectou a defesa que a adversária faz pela legalização das drogas com um suposto aumento da violência. “Venha cá, vou te enquadrar, mocinha”, ameaçou.

“Tu apavorou, chocou”, respondeu a candidata do Psol, “ofendeu e humilhou milhares de pessoas com aquele teu discurso homofóbico, que incitou o ódio. E mais, incitou o suposto direito de uma maioria enfrentar uma minoria. Teu discurso de ódio é o mesmo discurso que os nazistas fizeram contra os judeus, que os racistas fazem em relação aos negros.” Para ela, o candidato do PRTB só escapa de punição porque a homofobia ainda não está tipificada como crime. Caso contrário, teria deixado o debate na Record a bordo de uma viatura, defendeu.

Levy afirmou que não defendeu, no domingo, que os heterossexuais atacassem os homossexuais, mas sim o direito de que se levantem para defender o que considera como normalidade no padrão familiar.

Adiante, o candidato do PRTB voltou a buscar Luciana, desta vez para uma pergunta direta sobre combate às drogas. “Você esteve em Cuba, esteve na Venezuela. treinou muito lá, guerrilha. Falando muito bom espanhol. Vi sua história muito bem antes de vir para cá”, disse, tentando levantar gargalhadas da plateia.

“Hoje, nós vivemos uma verdadeira guerra aos pobres travestida de guerra às drogas. O que vemos no Rio de Janeiro é a expressão máxima. A polícia entra matando”, respondeu Luciana. “Essa suposta guerra às drogas só aumentou a violência e a corrupção policial. Por isso, nós defendemos, Levy Fidelix, o fim dessa lógica de segurança pública amparada na guerra às drogas, uma mudança profunda nas polícias, que merecem melhores salários e que precisam de um treinamento que realmente sirva para defender os direitos das pessoas.”

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