Rádio Brasil Atual

Vannuchi diz que Aécio é candidato com aparência de abandonado

Analista estranha postura de senador do PSDB durante debate entre presidenciáveis, sem se destacar e sem ataques a Marina. Avaliação é de que Dilma deixou claro esforço de desconstrução da candidata do PSB

Alice Vergueiro/Futura Press/Folhapress

Em terceiro lugar nas pesquisas, Aécio teve papel secundário no debate e foi esquecido por jornalistas

São Paulo – O analista político Paulo Vannuchi considera que o debate entre os candidatos à Presidência da República exibido ontem (1º) pelo SBT reforçou a leitura de que a campanha de Aécio Neves (PSDB) murchou e caminha para um desfecho negativo. “Um candidato com aparência de abandonado. Ele era quem mais precisava se destacar nesse debate pela sua queda meteórica nas pesquisas. Ele bateu em Dilma o tempo todo, e nada contra Marina. Nada, nada, nada”, disse, em seu comentário de hoje na Rádio Brasil Atual.

Ontem, as atenções ficaram polarizadas entre Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB), as mais bem colocadas nas pesquisas, e Aécio acabou claramente relegado a segundo plano. Em terceiro lugar, agora a uma distância grande de Marina, o senador mineiro respondeu a um número menor de perguntas e praticamente não foi procurado por jornalistas após o debate. “Não sei se ele mediu as graves consequências possíveis. Sua campanha vai murchar mais ainda, ele deve perder a eleição presidencial até em Minas Gerais”, diz Vannuchi.

O debate organizado por SBT, Folha de S. Paulo, portal UOL e rádio Jovem Pan foi o desfecho de um dia negativo para a campanha de Aécio. Pela manhã o coordenador-geral de campanha, o senador José Agripino Maia (DEM), sinalizou apoio à candidata do PSB no segundo turno, o que provocou irritação nos bastidores.

“O sentimento que nos move e nos mantém unidos – PSDB, DEM e Solidariedade – é garantir a ida de Aécio para o 2.º turno. Se não for possível, vamos avalizar a transição para o 2.º turno. Ou seja, com uma aliança com Marina Silva, por exemplo. É tudo contra um mal maior que é o PT. Vamos trabalhar para um entendimento de Marina conosco ou de nós com Marina”, afirmou Agripino.

O mau desempenho de Aécio em pesquisas e debates levou a rumores de que o tucano poderia desistir da disputa para tentar o retorno ao governo de Minas Gerais, onde o quadro eleitoral é desfavorável para seu candidato, Pimenta da Veiga, que aparece bem atrás do primeiro colocado nas pesquisas, o petista Fernando Pimentel. “A tese de ele renunciar para voltar a disputar o governo de Minas é arriscadíssima, eu diria inviável. Porque ele vai ser recebido como quem fugiu da eleição presidencial e quer Minas como consolo”, entende Vannuchi.

Para o analista político, não há vencedoras no embate entre Dilma e Marina, mas há uma novidade na postura da petista em relação à ex-ministra, mais ativa ao expor contradições no discurso e diferenças programáticas. A presidenta aproveitou o evento na televisão para criticar a proposta de Marina de governar “com os melhores”, afirmando que não é com frases de efeito que se vence uma eleição, mas com um projeto concreto. Em outra frente, criticou a falta de espaço no programa de governo do PSB para o pré-sal e afirmou que a autonomia do Banco Central defendida pela oponente tira do governo a responsabilidade pela política de juros e câmbio, que fica submetida ao mercado.

“Dilma deixou claro que não vai ficar esperando alguém fazer o trabalho de desconstrução da candidatura de Marina. Ou sua candidatura consegue isso, ou o mito vai seguir repetindo as amenidades de que vai governar com PT e PSDB, que pode encantar, mas que qualquer pessoa com a mínima capacidade de análise sabe que isso é bobagem”, diz Vannuchi.

“Marina também respondeu a todas as suas questões com seus bons recursos de fala, de retórica, sabe organizar suas ideias. Então não foi derrotada, não. Todas as pesquisas qualitativas vão mostrar certo equilíbrio entre Dilma e Marina, respondendo mais ou menos à mesma divisão de intenção de voto no primeiro turno.”

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