Troca-troca

PSDB avalia dano que transferência de apoios para Marina pode causar a Aécio

Embora oficialmente só falem em trabalhar para a candidada do PSB num eventual segundo turno, deputados da coligação tucana admitem que vários prefeitos já estão 'liberando votos' à ex-senadora já

© psdb.org / reprodução

Aécio e Aloyzio, presidente e vice na chapa tucana: candidatura abalada por ascensão de Marina

Brasília – Depois da confusão causada pelo coordenador da campanha de Aécio Neves à presidência, senador José Agripino Maia (DEM-RN), o clima observado durante o retorno dos parlamentares aos seus estados tem sido de especulações. Agripino deu declarações sobre o apoio de eleitores do candidato tucano a Marina Silva num segundo turno. Mesmo tendo sido advertido, nos bastidores da campanha do PSDB continua repercutindo o risco que uma transferência de correligionários de Neves para Marina já a partir de agora, pode representar.

“São conversas veladas, mas sabemos que em municípios do interior de estados como Pernambuco, São Paulo e Paraná, em que a princípio se achava o contrário, que as pessoas que apoiavam Eduardo Campos passariam imediatamente para o palanque de Aécio Neves, o que se vê são prefeitos falando abertamente em liberar correligionários para votar em Marina Silva”, afirmou um ex-parlamentar que atualmente integra a executiva nacional do PSDB. “Os deputados do PSDB e do DEM externaram essa preocupação aqui, várias vezes nos últimos dias, durante reuniões na liderança e também em plenário”, acentuou.

Para completar o clima de mal-estar com a situação, foi vista com abatimento nos gabinetes da Câmara, nesta manhã, a afirmação do candidato à vice-presidência pelo PSB, deputado Beto Albuquerque (RS), de que “de dez eleitores de Aécio Neves, oito votam em Marina no segundo turno”. “O Beto está correto, temos de admitir, e isso pode não acontecer só depois de outubro”, disse um assessor da liderança do DEM.

A principal preocupação entre os parlamentares que apoiam a candidatura do PSDB é o fato de, faltando poucas semanas para o primeiro turno das eleições, ainda não ter sido definido pelo PSDB se será melhor para o senador e ex-governador de Minas Gerais bater diretamente em Marina Silva e confrontar suas propostas de governo ou se manter focado em críticas à presidenta Dilma Rousseff, para não prejudicar alianças estaduais firmadas anteriormente.

O entendimento é de que, somente a partir desta estratégia ser definida é que poderá haver uma conversação com os correligionários e, dessa forma, maior controle dos rumos da candidatura tucana.

Só na apuração

Em tom polido, Aécio Neves deixou claro, durante sua última entrevista à TV Globo, que não concorda com várias das propostas de governo de Marina Silva, mas não avançou mais do que isso nas críticas. Ao mesmo tempo, o senador disse que admitia que sua situação não era a mesma que a observada no início da campanha e que “eleição e mineração o resultado só vem depois da apuração”.

A executiva nacional do PSDB também tem evitado falar nas especulações feitas nos últimos dias de que o ex-governador de São Paulo e candidato ao senado, José Serra, figura na lista como provável ministro num governo de Marina Silva. E, ainda, sobre o provável desgaste causado diante da constatação de que, mesmo indiretamente, a candidatura de Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo, que possui coligações com integrantes do PSB, está ajudando na campanha da ex-senadora.

Outra notícia divulgada de forma firme na Câmara dos Deputados nos últimos dias foi a realização de reuniões entre integrantes do PMDB que apoiam Aécio Neves para decidir quando será o melhor momento de declararem apoio oficial a Marina Silva, a partir de um segundo turno, principalmente nos estados da Bahia, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

“Marina já sinalizou que abrirá o diálogo com os políticos. Temos plenas condições de dar sustentabilidade e governabilidade a ela”, destacou o vice-líder da bancada do partido na Casa, deputado Danilo Forte (CE), embora sem confirmar as intenções de alguns integrantes do partido de aderir à campanha da socialista antes mesmo do segundo turno.

Já Saraiva Felipe (MG), da mesma legenda, ressaltou que não haverá problemas dentro do PMDB caso resolvam fazer parte da base de apoio à ex-senadora. “O PMDB é um partido pragmático”, colocou.

‘Busca por mudanças’

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), peemedebista que tem fortes ligações com o PSDB e que desde o início da eleição apoia a chapa do PSB, é um dos mais enfáticos ao defender a candidatura da ex-ministra. Vasconcelos disse no Congresso que não há uma intenção, por parte dos seus apoiadores em transformar Marina numa “salvadora da Pátria” e sim, de “promover mudanças com responsabilidade, compromisso e respeito ao povo brasileiro”.

Na opinião do senador, as mudanças observadas são reflexo da intenção do grupo que trabalha para derrotar o PT nestas eleições. “O modelo petista se esgotou e não tem a capacidade de encontrar novas soluções para problemas que se arrastam há uma década”, salientou.

No PMDB, no DEM e no próprio PSDB as informações passadas pelos assessores de campanha são de que tais arranjos – tanto para fortalecimento das coligações como também para certificação dos apoios às candidaturas – serão melhor delineados apenas na próxima semana, por volta do dia 15 de setembro.

Leia também

Últimas notícias