Estratégias

Para voltar a crescer, Aécio lança vídeo motivacional e diz que é a hora da razão

Tucano aposta em apoios de correligionários como FHC e Alckmin e em imagens gravadas por personalidades públicas, como Ronaldo, Zico e Fagner, para superar Marina e chegar ao segundo turno

Adriana Spaca/Brazil Photo Press/Folhapress

Ao lado do vice Aloysio Nunes, Aécio critica incoerências de Marina e reúne imprensa para mostrar vídeos

São Paulo – Era para ser apenas uma entrevista coletiva na sede da produtora dos programas de rádio e televisão do candidato do PSDB à presidência da República, Aécio Neves, na Vila Cordeiro, um bairro de classe alta da zona sul de São Paulo. Em verdade, a conversa estava inicialmente agendada para o Comitê Central do presidenciável tucano, em um sobrado localizado no Jardim América, zona oeste – também um dos bairros mais ricos da capital paulista. Estava. No entanto, os jornalistas que se dirigiram para o imóvel, na esquina da avenida Brasil com a rua Bolívia, foram orientados por um segurança do comitê sobre a transferência da coletiva para o prédio de quatro andares da produtora, onde o senador licenciado mineiro estava desde a manhã de hoje (16) reunido com sua equipe de campanha.

O vice-presidente da chapa “Muda Brasil”, o senador paulista Aloysio Nunes, e o ex-governador paulista Alberto Goldman, coordenador da campanha em São Paulo do candidato do PSDB, chegaram pouco antes da assessoria de imprensa de Aécio dar sinal verde para a imprensa se encaminhar rumo ao quarto andar do edifício, onde o presidenciável responderia às perguntas dos jornalistas.

Mas, antes das questões, um assessor do pessedebista informava que Aécio havia feito uma solicitação aos profissionais de imprensa para que fossem para uma outra sala, também naquele piso, onde seriam exibidos dois vídeos recém-preparados por sua equipe de campanha para a reta final do primeiro turno.

Antes da exibição e já com todos os profissionais a postos, Aécio Neves fez uma pequena introdução e – em um esforço para transmitir tranquilidade e otimismo -assegurou que chegará ao segundo turno do pleito presidencial. “Aproveitei para mostrar para vocês como vai ser um pouco da nossa arrancada para as últimas semanas”, principiou o senador, ao lado dos companheiros Nunes e Goldman.

“É uma fase agora de criação dos apoios, de motivação dos nossos companheiros”, continuou, antes de se iniciar a exibição do novo material audiovisual da campanha tucana, que reuniu depoimentos curtos e gravados com seus maiores apoiadores. O primeiro vídeo foi realizado com diversos correligionários, entre os quais, José Serra, Fernando Henrique Cardoso, Álvaro Dias, Beto Richa e Geraldo Alckmin. Já o segundo foi dedicado a personalidades fora do âmbito político, como os ex-futebolistas Ronaldo, Zico e Dadá Maravilha e os cantores Fagner, Beto Guedes, Wanessa Camargo, Fernando Brant, Renato Teixeira, entre outros. Por fim, o terceiro, o qual Aécio se referiu como um “vídeo de hip hop” – na verdade, um jingle em batida de funk brasileiro criado e divulgado no Youtube por um grupo de quatro jovens de Governador Valadares.

Apesar do tom motivacional dos três vídeos, Aécio Neves apresentou-se logo no início da coletiva, de pouco menos de dez minutos, como o candidato da razão. “Olha, nós estamos nos preparando para uma onda da razão. Nossa campanha não é a campanha do medo, é campanha dos brasileiros que acreditam neste país”, declarou o senador, já cercado por microfones e jornalistas.

E no debate político à moda Aécio, não há espaço – segundo apregoou o candidato – para ataques pessoais, e sim o dever de fazer “o debate político”. “Nós somos aquilo que em grande parte fizemos em nossas vidas. Não adianta querermos criar um novo personagem às vésperas das eleições”, disse o senador mineiro, mirando determinada freguesia. “Quando nós assistimos, como no caso da candidatura Marina, uma mudança de posição em função da pressão de setores A e B, obviamente é uma mudança para se acomodar à realidade eleitoral.”

Além de se autodenominar o candidato da razão, Aécio Neves apresentou-se como uma espécie de juiz da coerência dos adversários na corrida pelo Palácio do Planalto. “Obviamente, sempre quando eu perceber que há uma incoerência entre o discurso e a prática ou às próprias crenças de determinados candidatos, cabe a mim cobrar que ele esclareça o eleitorado, para que o eleitorado possa saber em quem verdadeiramente está votando.”

Indagado sobre a confiança de que chegará ao segundo turno eleitoral, mesmo ocupando o terceiro lugar nas pesquisas, o candidato do PSDB sorriu, fez uma pausa e respondeu: “Acho que chegou a hora, as pesquisas começam a mostrar isso. Vocês vão perceber isso nos próximos dias.” Aécio parecia saber que subiria quatro pontos percentuais na mais recente medição do Ibope, divulgada na noite de hoje, onde chegou a 19%, 13 pontos percentuais a menos que Marina Silva, do PSB. “E a hora que o componente razão superar a emoção – pelo menos em parte -, quem vai estar no segundo turno, pelo bem do Brasil, somos nós”, garantiu.

Ao final da entrevista, o candidato ainda foi questionado sobre não ter ainda apresentado por escrito seu plano de governo. Bola levantada para Aécio cortar na direção da candidata Marina. “Fique tranquilo, porque nosso plano de governo não será feito a lápis. Ele será feito a caneta e reproduz exatamente o que pregamos e praticamos ao longo da nossa vida”, alfinetou, sem estipular, no entanto, quando o tal programa de governo será divulgado. “Certamente antes da eleição [do primeiro turno]”, finalizou.

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