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Padilha propõe câmera acoplada a colete de PM para coibir abusos

Para candidato do PT ao governo de São Paulo, Alckmin (PSDB) 'vive no mundo da propaganda Disneyland' e agiu de forma despreparada durante reintegração de posse na capital

Paulo Pinto/Analítica/Fotos Públicas

Em São Bernardo, Padilha questionou eficiência do governo do PSDB no combate à criminalidade

São Paulo – O candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, defendeu hoje (17) instalar câmeras nos coletes dos policiais militares do estado para monitorar as ações e coibir abusos, em especial os cometidos contra jovens negros da periferia das cidades. A ação faz parte do programa específico de Padilha para a segurança pública, lançado em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.

“Para acabar com a violência que existe hoje, especialmente a cometida contra os negros nas periferias, que em grande parte é provocada pela ação policial, precisamos planejar as ações, ter acompanhamento da sociedade civil, mas também equipar os oficiais com câmeras, acopladas nos seus coletes, que filmem a atuação policial. A gravação irá tanto proteger o policial, que pode ter prova das suas ações, como coibir abusos e violências que existem”, afirmou o candidato. O equipamento já é usado em alguns estados dos Estados Unidos, em alguns municípios do Reino Unido e, desde o ano passado, pela Polícia Federal Rodoviária do Rio Grande do Sul.

O índice de negros mortos pela violência policial a cada 100 mil habitantes de São Paulo é três vezes maior que o registrado entre a população branca, segundo um estudo da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) divulgado em abril. A taxa de prisões em flagrante é duas vezes e meia maior entre os negros do que entre os brancos. Ao todo, 61% das vítimas da polícia no estado são negras, 97% são homens e 77% têm de 15 a 29 anos. Entre os policiais envolvidos, 79% são brancos, e 96% da Polícia Militar.

O programa de segurança de Padilha propõe centrais de inteligência da polícia para sistematizar informações e investigar. Para isso serão instaladas câmeras nas ruas, gerenciadas por 16 centros de monitoramento em diferentes regiões do estado, ao custo de R$ 20 milhões. Outra ação prioritária será a integração das polícias Federal e Militar e das guardas civis municipais, que realizarão operações conjuntas e simultâneas e estudarão na mesma academia de treinamento.

“Só o município de São Bernardo do Campo, em um ano e meio, instalou 400 câmeras. É ridículo o atual governador dizer que as 300 câmeras que funcionam em todo estado de São Paulo protegem as pessoas. Ele mentiu para a população. Outra ação, que não implica em custos, é aproveitar as imagens da iniciativa privada. Hoje temos um milhão de câmeras privadas no estado, 15 mil em estacionamento de shoppings centers e supermercados e mais de 40 mil em agencias bancarias”, disse. “Hoje as polícias que atuam no estado atiram cada uma para um lado e isso dificulta a solução de crimes. A ideia é que elas tenham um comando conjunto, com operações conjuntas e integração de banco de dados.”

Outra meta é combater a violência contra a mulher, reestruturando as delegacias da mulher e estendendo o atendimento para 24 horas. “A maior parte dos crimes acontece à noite ou nos fins de semana, quando as delegacias estão fechadas. Além disso vamos colocar guardas especiais para proteger as vítimas enquadradas na Lei Maria da Penha, para que não fiquem desprotegidas”, disse.

O programa de segurança também prevê reforço no patrulhamento das fronteiras, em especial para evitar a entrada de drogas, que contará com integração com as polícias de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso do Sul e instalação de câmeras e scanners nas divisas. Além disso, o programa quer ampliar o patrulhamento de ruas, com manutenção dos mesmos policiais nas mesmas comunidades para criação de vínculos, e instalar equipamentos que bloqueiem o uso de celulares nos presídios.

“Não me venha um governador, que durante os últimos 20 anos não enfrentou os maiores do tráfico, chegar na véspera de eleição e tirar o foco do debate dizendo que como governador vai mudar a Constituição e reduzir a maioridade penal. Nós estamos votando em um governador, e não em um senador ou deputado. O que se espera de um governador é que ele enfrente os maiores do tráfico e que puna as pessoas cujo crime já esta esclarecido. E os poucos que são presos comandam a facção criminosa de dentro do presídio”, disse.

“Nessa campanha temos dois candidatos, um que vive no mundo da propaganda Disneyland e outro que nesses 20 anos só representou os mais ricos do estado e nunca sentiu o drama de quem vive na periferia e não anda de carro blindado com segurança privado”, criticou. “Ao todo, 30% da população carcerária de São Paulo está lá dentro com pena provisória. A Justiça poderia julgar e tirar essas pessoas do local fechado e monitorá-las enquanto cumprem a pena trabalhando. Assim elas não vivem às custas do estado e não ficam vulneráveis ao aliciamento de facções criminosas que dominam as penitencias.”

Violência policial

O candidato criticou a atuação da Polícia Militar e considerou o governo Alckmin “despreparado” para lidar com a reintegração de posse do antigo Hotel Aquarius, na avenida São João, centro da capital paulista, ocupado há seis meses por pelo menos 200 famílias.

Por volta das 7h da manhã uma parte das famílias se negou a deixar o local sem seus pertences e polícia deu início à operação de ocupação do prédio. A Tropa de Choque usou bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo, balas de borracha e montou um corredor polonês para retirar os moradores, em um violento ataque que durou até o final da tarde por todo o centro da capital, mesmo com a dispersão do grupo. Pelo menos dez crianças, junto com seus pais, idosos e imigrantes foram detidos.

“Tudo isso revelou dois despreparos do governo paulista: o primeiro de lidar com o drama de falta de moradia. Alckmin executa menos de 50% dos recursos disponíveis pela lei estadual para as ações de moradia, e não à toa várias famílias, em um ato de desespero, acabam ocupando os prédios abandonados. O atual governador acha que política de habitação é brincar de casinha. Não é. O estado tem recurso para isso e tem uma lei que estabelece que R$ 1,8 bilhão seja investido em moradia. Além disso, revelou seu total despreparo para fazer uma ação como esta. Como realiza esse tipo de operação sem se preparar para o risco de que outros grupos tenham atitudes de vandalismo?”

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