reforma política

Marina defende financiamento público de campanhas, mas não fala em consulta popular

Candidata do PSB não revela se pretende conduzir reforma política por meio do Congresso, como propõe Aécio, ou recorrendo a opinião popular, como quer Dilma

futurapress/folhapress

“Vamos trabalhar para que se aumente o mandato por mais um ano”, disse a candidata do PSB, em ato em SP

São Paulo – A candidata do PSB à presidência da República, Marina Silva, defendeu hoje (15) em São Paulo o financiamento público das campanhas como um dos princípios da reforma política que vem propondo em seus discursos públicos. Outros aspectos da mudança pretendida pela ex-ministra no sistema eleitoral passam pelas candidaturas independentes, sem obrigatoriedade de filiação partidária, e pelo fim da reeleição para cargos executivos, que teriam, então, mandato de cinco anos.

Marina, no entanto, não comentou se conduziria o que chama de “reforma das reformas” negociando dentro do Congresso, como defende seu adversário Aécio Neves (PSBD), ou por meio de consultas populares para formação de uma assembleia constituinte exclusiva, como propôs a presidenta Dilma Rousseff (PT) no ano passado. A ideia da petista, lançada após as manifestações de junho de 2013, foi abraçada por movimentos sociais e sindicais ligados ao partido.

“Entendemos que nossas conquistas estão ameaçadas pelo atraso da política, pelo descolamento que começa a acontecer com boa parte da sociedade, que começa a achar que as instituições políticas não a representam”, explicou Marina. “Defendemos o financiamento público de campanhas e as candidaturas independentes, que podem fortalecer o Congresso Nacional ao colher quadros da sociedade, pessoas capazes, comprometidas, que não se sentem à vontade dentro das lógicas partidárias.”

A ex-ministra também apresentou as razões pelas quais deseja extinguir a figura da reeleição, implementada no primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). “Vamos trabalhar para que se aumente o mandato por mais um ano, para que a gente acabe com o mal da reeleição no Brasil, porque os governantes fazem apenas o que é preciso para se reeleger, e não o que é preciso para o país.”

Artistas

Marina Silva participou hoje (15) de encontro com artistas em São Paulo. Um novo encontro do tipo está marcado para quarta-feira (17) no Rio de Janeiro. Cerca de 500 pessoas ligadas à literatura, música, teatro, circo, dança, cinema, entre outras manifestações culturais, se deslocaram até a Casa das Caldeiras, na zona oeste da capital, para fazer algumas propostas à candidata – e também para escutá-la.

Nem todos, porém, manifestaram apoio à sua candidatura. Luiz Schwarcz, fundador da editora Companhia das Letras, por exemplo, se declarou como “indeciso” ao apresentar à candidata algumas demandas para o setor editorial. “Vim mais para ouvir”, revelou. Mas a maioria estava lá mesmo para prestigiá-la. Entre eles, o cinesta Fernando Meirelles, o rapper Xis e vocalista do Capital Inicial, Dinho Ouro Preto.

Caetano Veloso e Arnaldo Antunes, ex-Titãs, não compareceram, mas gravaram depoimentos. Gilberto Gil, que também declarou apoio à sua ex-colega de Esplanada durante o governo Lula, tampouco marcou presença. Marina, no entanto, manteria uma reunião exclusiva com o ex-ministro da Cultura hoje à noite.

Eduardo Campos

Em seu discurso, Marina dedicou quatro minutos para justificar sua adesão ao PSB e à candidatura do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, morto num acidente aéreo em 13 de agosto. “A partir da negação do registro da Rede Sustentabilidade, fui ao encontro do partido de Eduardo Campos não para compartilhar um palanque, mas num esforço de compartilhar um legado”, declarou.

A candidata tem sido criticada por se dizer representante de uma “nova política” mas, ao mesmo tempo, ter entrado no PSB, um partido tradicional, apenas para disputar as eleições de 2014. Tanto que procura esconder as alianças que a sigla mantém nos estados, como em São Paulo, onde um membro do PSB, Márcio França, é candidato a vice na chapa do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que tenta a reeleição.

Marina lembrou a “herança” política de seu ex-correligionário, neto do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, e membro de duas famílias tradicionais do Nordeste, em contraposição à sua trajetória de militante no Acre. “Percebi em Eduardo um homem de condição social diferente da minha, que sofreria menos preconceito do que eu”, disse, ao considerar-se novamente “vítima” de ataques de adversários.

Marina afirmou ainda que Eduardo Campos “ajudou a coletar assinatura para a Rede” e que, “quando fizeram uma articulação para impedir nosso registro, o PSB foi até o Supremo Tribunal Federal (STF) para defender meu direito de ter um partido”. Por isso, concluiu, seria melhor “fortalecer” a candidatura de Campos. “Aos 55 anos, 30 anos de militância, 26% nas pesquisas, não poderia me omitir.”

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