Animosidade

Justiça Eleitoral do Amazonas pede forças federais para garantir segurança das eleições

Além da animosidade entre apoiadores dos principais candidatos, Tribunal Regional Eleitoral teme interferência de agentes locais da segurança pública, também envolvidos com a disputa a governador

Divulgação

Policiais militares recém-integrados à corporação são apresentados à população de Manaus, no Amazonas

Manaus – O baixo número de policiais militares atuando nos municípios do Amazonas, o clima de animosidade entre os principais candidatos a governador e o possível envolvimento pessoal de agentes das forças de segurança pública com as campanhas partidárias motivaram o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) a aprovar, na última semana, os pedidos de reforço de tropas federais para a eleição em Manaus e em 15 municípios do interior do Estado. Historicamente, segundo a Justiça Eleitoral, número em torno de 20 municípios amazonenses costumam pedir reforço de tropas federais no dia do pleito, mas a decisão sobre o envio das forças nacionais destaca a disputa “de contundência extremamente acirrada” como fator complicador em 2014.

O mais recente pedido de tropas federais para Manaus foi ingressado pela Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) e aceito por unanimidade pelo TRE-AM no dia 11 deste mês. O pedido foi encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O juiz relator do pedido, Affimar Cabo Verde, concordou com a PRE e afirmou que os 1.500 policiais militares disponíveis para o dia da votação em Manaus são insuficientes para garantir a segurança.

“Manaus é a cidade com o maior eleitorado do Amazonas e, por se tratar da capital do Estado, naturalmente, o pleito se afigura como complicador significativo tendo em conta as demandas cotidianas enfrentadas pelos órgãos de Segurança Pública, ainda mais quando evidenciada disputa de contundência extremamente acirrada, como a que se vivencia na atualidade”, disse o magistrado.

No requerimento enviado ao TRE-AM, os procuradores eleitorais citam a instalação de uma câmera de vigilância do Centro Integrado de Operações Especiais (Ciops) em frente ao comitê de um dos candidatos e o assassinato de um sargento da Polícia Militar, no última dia 2, em frente à sede do Partido da Mobilização Nacional, “quando prestava serviços de segurança para um candidato ao governo do Estado”, como exemplos do “envolvimento do aparato de segurança local no andamento do pleito”.

Troca-troca no comando da PM

No início deste mês, o governador do Estado e candidato à reeleição, José Melo (Pros), anunciou o coronel Eliézio de Almeida como o novo comandante da Polícia Militar do Amazonas (PMAM). A mudança foi anunciada pelo governador durante almoço com oficiais da corporação. O ex-comandante-geral, coronel Almir David, teria pedido demissão, mas o governador só aceitou que ele deixasse o cargo se aceitasse o cargo de secretário extraordinário e assessor pessoal do gabinete governamental.

O novo subcomandante é o coronel Aroldo da Silva Ribeiro, que deixou o Comando de Policiamento Metropolitano (CPM). O Comando de Estado-Maior passou a ser dirigido pelo coronel Marcos César Moreira da Silva, que era do Departamento de Pessoal. Após a mudança na cúpula da PMAM, o comandante do Batalhão Ambiental (CPAMB), coronel Antonio Escóssio, renunciou, pedindo licença especial. O oficial abaixo dele no batalhão, major Wilmar Tabaiares da Silva Neto, também renunciou.

O chefe do Comando de Policiamento Especializado (CPE), tenente-coronel Fabiano Bó, saiu acusando o então subcomandante-geral, coronel Eliézio Almeida, de sucatear o CPE. O subcomandante do CPE, major Franciney Bó, renunciou em solidariedade ao irmão. Para o juiz Affimar Cabo Verde, a recente troca no comando da Polícia Militar causou instabilidade na tropa e, por isso, pode contaminar a disputa eleitoral.

O secretário de Segurança Pública do Amazonas, Paulo Roberto Vital, negou que as alterações possam comprometer a segurança nas eleições. “Não sei qual é a instabilidade. Alguém está sentindo alguma mudança? Parou o policiamento ou há insubordinação? Não há, pelo menos que eu saiba. Este negócio de instabilidade é só especulação”, disse.

Segundo ele, o governo tem condições de garantir a segurança no dia das eleições. “É a primeira vez que acontecem eleições no Estado? Não, né? Nas outras eleições, com raras exceções, teve força federal. Agora, se estão alegando isso (que a Polícia Militar não tem condições de garantir a segurança), não foi de mim que ouviram”, disse o secretário.

Tropas federais para o interior

Até a última terça-feira, o TRE-AM tinha aprovado 15 dos 18 pedidos de reforço federal para a segurança em municípios do interior do Estado. O município de Iranduba teve o pedido negado porque, segundo entendimento da Justiça Eleitoral, a cidade fica muito próxima a Manaus.

Para aprovar os pedidos, o TRE considerou os argumentos apresentados pelos juízes dos municípios referentes à existência de rixa entre políticos locais, tentativa de agressões a membros da Justiça Eleitoral e aprovações de envio de tropas em eleições anteriores.

Foram aprovados pedidos de tropas federais para Parintins, Borba, Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Maués, Canutama, Boca do Acre, Itacoatiara, São Gabriel da Cachoeira, Tefé, Tabatinga, Tapauá, Coari, todos com histórico de violência e conflitos entre cabos eleitorais durante as eleições. Os pedidos ainda estão sob a análise do TSE.

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