Na Bahia

Dilma critica Marina: ‘Cortar programa social para pagar juros para os bancos? Não precisa’

Em Feira de Santana, presidenta atacou propostas de flexibilizar direitos trabalhistas e a postura da adversária de 'se vitimizar' com as críticas a suas plataformas

Divulgação/Ichiro Guerra

‘Nós não acreditamos em choque fiscal’, disse presidenta, em Feira de Santana, antes de caminhada

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff criticou na manhã de hoje, na Bahia, a proposta da campanha de Marina Silva (PSB), sua principal adversária na disputa eleitoral, de fazer um choque fiscal no Brasil. “O grande problema da candidata é que um dia eles dizem uma coisa, no outro dia eles dizem outra. A candidata tem um modelo de política econômica extremamente conservador e neoliberal”, afirmou. “Não só pretende atender prioritariamente os bancos, como deixou clara no programa a independência do BC, e independente no Brasil só são os poderes da República, Legislativo, Executivo e Judiciário. ”

Dilma declarou que os fundamentos econômicos das propostas pessebistas ameaçam os programas sociais de seu governo para favorecer o sistema financeiro. “Nós não acreditamos em choque fiscal. O Brasil precisa de uma política fiscal sistemática, robusta. Se vai ampliar alguns mecanismos, tem que explicar: vai fazer choque fiscal? Vai cortar o quê? Programa social? Bolsa família? Subsídio do Minha Casa Minha Vida? Choque fiscal é um baita ajuste, se corta tudo para pagar juros para os bancos? Não é necessário”, declarou, em entrevista à imprensa em Feira de Santana, segunda maior cidade baiana, antes de caminhada de campanha pela cidade. “Ficar falando em choque fiscal é uma forma perigosa e extremamente eleitoreira”, atacou.

Ontem, o coordenador econômico do programa de Marina, Alexandre Rands, afirmou que o próximo governo deve fazer um ajuste fiscal importante, segundo ele, para garantir o controle da inflação.

Dilma mencionou a visão liberalizante de Marina e seus assessores quanto à pauta trabalhista. “Ela já falou em flexibilizar direitos trabalhistas, em reduzir o papel dos bancos públicos. Se reduz o papel dos bancos públicos, não tem Minha Casa Minha Vida, não tem programa de agricultura familiar, não tem financiamento à agricultura, à indústria, não tem emprego”, disse.

Em seguida, a presidenta criticou a postura de Marina Silva de se colocar como vítima diante de críticas. “Depois, quando se responde, ela se vitimiza e diz que está sendo atacada. Eu não estou atacando a candidata. Estou atacando e divirjo do programa da candidata. O Brasil não está desestabilizado, não tem crise cambial, passa como o resto do mundo por um processo de crise que nós não combatemos igual a eles, combatemos garantindo emprego, salário e investimento.”

A candidata petista defendeu seu governo e suas propostas para a economia dizendo que, ao contrário do que afirma a oposição, “o Brasil tem uma das menores dívidas líquidas, sobre PIB, do mundo”.  Essa dívida, segundo ela, é de 34%. “Todo o resto do mundo, tirando uns seis países, tem dívidas líquidas acima de 100% ou perto de 100%.”