Mudança

Estudo considera improvável aprovação de reformas com futura composição do Congresso

Diap projeta redução no tamanho das maiores bancadas da Câmara devido ao surgimento de novos partidos, o que torna negociação entre Legislativo e Executivo ainda mais complicada

Gustavo Lima/Câmara

Para entidade, recomposição de forças levará a maior dificuldade em construir maioria

Brasília – A pouco mais de duas semanas para o primeiro turno das eleições, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) divulgou estudo que traça um prognóstico de diminuição das grandes bancadas na Câmara após as próximas eleições. Haverá mais partidos representados. Em compensação, as grandes legendas terão menor número de deputados a partir de 2015.

Conforme esse estudo, a Câmara continuará muito pulverizada, com a redução das bancadas dos principais partidos em relação ao pleito de 2010, o que decorre da formalização de novas siglas, levando ao aumento do número de partidos com representação na Casa, que deve passar de 22 para 28 na legislatura a ser iniciada.

A maior bancada deverá continuar com o PT, que tem 88 deputados hoje, mas poderá ficar com número reduzido para 80 a 82 na próxima legislatura. O PMDB, segunda maior bancada do país, baixará o número de deputados de 72 para uma média de 60. O PSD reduzirá seus quadros de 45 para 38 e o PSDB deverá ter entre 36 e 40 deputados.

De acordo com o cientista político Antônio Augusto de Queiroz, diretor do Diap, a provável redução da bancada ou o número de eleitos se justifica, entre outras razões, pela criação de PSD, Pros e Solidariedade. Estas três, em especial, tiveram importantes adesões, durante o período de trocas partidárias, o que acarretou em perda de parlamentares em todos os grandes e médios partidos, com exceção do PT.

Segundo o prognóstico do Diap, apesar de menores, o PT e o PMDB continuarão, respectivamente, figurando entre a primeira e segunda maior bancada. O PSDB continuará em terceiro lugar e o PSD e o PP disputam a quinta posição. O PR e o PSB disputam a sexta posição, seguidos do DEM, do PTB, do Pros, do Solidariede, do PDT e do PCdoB.

Dificuldades de negociação

Outra avaliação feita pelo Diap é que, a julgar pelos aspectos apontados, o próximo presidente da República, seja quem for, terá de negociar com vários partidos no varejo (ou seja, caso a caso) para formar maioria pontual e, acima de tudo, ficará na mão dos partidos médios (muitos dos quais fisiológicos). “Num cenário desses, as chances de reformas estruturais são praticamente nulas. Ou haverá pressão popular ou o toma-lá-dá-cá tende a aumentar”, colocou Queiroz, com base nos dados avaliados.

Ainda segundo informações do Diap, em São Paulo o PT elegerá entre 12 e 14 deputados federais. O PSDB, por sua vez, deverá contar com oito a 11 representantes na Câmara a partir do próximo ano. O PSD, de sete a nove deles, e o DEM, de três a cinco.

O PR elegerá entre quatro e cinco deputados federais, o PMDB, três e quatro, o PP entre dois e três e o PSB, entre três e quatro. Os partidos restantes elegerão entre nenhum ou dois deputados, cada um.

Só uma tendência

Queiroz alertou para o fato de que o trabalho partiu do pressuposto que os candidatos à reeleição, deputados estaduais, vereadores de capitais e ex-prefeitos de grandes centros, bem como os suplentes bem votados na eleição de 2010, dependendo da coligação, devem ser tidos como competitivos. A partir desse critério, foram tiradas referências de outros diferenciais de cada candidato.

O cientista político do Diap advertiu ainda que levantamentos com tais características estão sempre sujeitos a imprecisões e surpresas, razão pela qual o fato dos nomes que constarem nas listas em cada estado não significa que venham a ser eleitos. “Trata-se de um esforço de antecipar tendência em relação à composição das bancadas partidárias, identificando os candidatos com potencial de eleição”, destacou.

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