'Nova política'

Vice de Marina aparece no programa de TV de Alckmin e pede votos para o PSDB

Beto Albuquerque (PSB-RS) diz que governador era 'exemplo' para Eduardo Campos e pede votos pela reeleição do tucano, cujo candidato a vice é Márcio França, também do PSB

Reprodução

O candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva, Beto Albuquerque, pede votos para o PSDB na TV

São Paulo – O candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva, deputado federal pelo Rio Grande do Sul, Beto Albuquerque (PSB), estreou hoje (27) na propaganda de TV do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que concorre à reeleição. Ele teve inserção breve, em que pede votos para o PSDB no estado e ressalta que o tucano “tem nosso respeito e nosso apoio”, já que Eduardo Campos “via em Alckmin um exemplo”.

Albuquerque foi escolhido pelo PSB para ser o interlocutor da campanha presidencial de Marina Silva e do tucanato paulista: o candidato a vice-governador de Alckmin, Márcio França, é do partido socialista, em acordo autorizado por Campos, embora rejeitado por Marina e pelos militantes da Rede Sustentabilidade, atualmente aglomerados em torno da legenda socialista até que ocorra a formalização do novo partido.

A candidata tem posição ambivalente: de um lado, diz a interlocutores que Alckmin é representante da “velha política” e rechaça apoio à reeleição do tucano, mas invoca Fernando Henrique Cardoso e José Serra como aliados na construção da “nova política” – a deferência a Serra levou Marina até a retirar o apoio que havia declarado à campanha de Eduardo Suplicy (PT) ao Senado por São Paulo.

Albuquerque não é o primeiro aliado de Marina Silva a pintar na propaganda eleitoral de Alckmin e do PSDB: na semana passada, Roberto Freire e Soninha Francine, candidatos a deputado e deputada federal pelo PPS, foram exibidos no tempo de TV dos tucanos em frente a letreiros pedindo voto para Aécio Neves (PSDB). O “engano”, segundo o deputado estadual Duarte Nogueira, presidente do PSDB de São Paulo, se deu porque os dois partidos gravam e editam os programas eleitorais no mesmo estúdio, que se “confundiu”.

O motivo que levou os técnicos do estúdio a inverter o local onde os candidatos deveriam ser exibidos é a relação entrelaçada entre os arcos de alianças das candidaturas do PSB e do PSDB. Embora o PPS tenha coligação majoritária (pelo cargo de presidente da República) com o PSB, a coligação proporcional (para os cargos no Poder Legislativo) é com o PSDB e o DEM. Isso significa que o eleitor que deseja votar em candidatos coligados a Marina Silva para todos os cargos e escolhe um deputado federal do PPS pode acabar ajudando a levar para a Câmara deputados do PSDB e do DEM, puxados pelos votos recebidos pelo PPS.

Esse fenômeno ocorre porque, pelas regras da coligação proporcional, primeiro são somados todos os votos recebidos pelas legendas coligadas. Depois, as cadeiras conquistadas pelo total de votos recebidos pelos partidos são distribuídos entre os candidatos da coligação, de acordo com a votação individual.

O advogado Alberto Rollo, especialista em processo eleitoral, ressalta que, embora as coligações sejam regulares, a aparição de candidatos de coligações distintas em programas de TV de adversário pode ser considerada crime eleitoral, desde que a Justiça Eleitoral considere que o eleitor está sendo enganado. “O princípio maior é que o eleitor não seja induzido ao erro, a votar em quem ele não pretende eleger”, resume.

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