Largada

Primeiro programa eleitoral lembra Campos e tem promessa de Dilma por novo ciclo

Presidenta garante que segundo mandato será melhor, a exemplo de Lula, que aparece com promessa de melhorias. Aécio volta a oferecer a ideia de que Brasil vive retrocesso

Dilma no primeiro dos programas da propaganda eleitoral da campanha para as eleições 2014

São Paulo – O primeiro programa eleitoral dos candidatos à Presidência da República na televisão nesta terça-feira (19) foi marcado pela memória de Eduardo Campos, candidato do PSB morto na semana passada em acidente aéreo, e pela promessa de Dilma Rousseff (PT) por um segundo mandato melhor que o primeiro, a exemplo do que ocorreu com Luiz Inácio Lula da Silva.

Primeiro a ser exibido, o programa do PSB apostou integralmente em recordar Campos. Declarações do ex-governador de Pernambuco conduziram os dois minutos de propaganda da sigla, marcada pelo uso de imagens dele ao longo do mandato estadual e das primeiras semanas de campanha. A ex-senadora Marina Silva, que deve ser ratificada amanhã na cabeça de chapa, apareceu abraçada a Campos, mas não falou.

Já o tucano Aécio Neves abriu os quatro minutos de propaganda com um breve vídeo em que recorda a trajetória do pernambucano. O senador mineiro recorda a história em comum de familiares de peso na política – Tancredo Neves, presidente eleito pelo Congresso na transição entre a ditadura e a democracia, e Miguel Arraes, governador de Pernambuco. “Tudo fica pequeno demais quando nos confrontamos com algo tão inesperado”, afirmou Aécio, para em seguida entrar no tom que vem marcando seu discurso nos últimos meses: o de que o Brasil saiu dos trilhos.

“Quero conversar com vocês sobre o nosso presente, mas também sobre o nosso futuro. Por décadas seguidas, o Brasil veio avançando. O Brasil de hoje é, sem dúvida nenhuma, um país melhor do que era décadas atrás”, disse. “Infelizmente, essa realidade vem mudando. A verdade é que o Brasil hoje está pior do que estava quatro anos atrás.”

A fala de Aécio novamente se baseou no que considera indicadores econômicos capazes de comprovar a ideia de que o país está em péssima situação. A exemplo do que havia feito durante comício em frente a uma fábrica em São Paulo, o tucano ofereceu a visão de que esses problemas rapidamente vão afetar a criação de empregos. “O Brasil que vinha bem, vinha avançando, perdeu o rumo, mas é importante que fique claro que o problema não é nem nunca foi o Brasil. É a maneira como o Brasil vem sendo governado.”

Após apresentar os problemas, Aécio se apresentou como a solução. Os responsáveis pelo programa tucano simularam a exibição do discurso em estabelecimentos comerciais e residências, onde as pessoas iam acompanhando o discurso, que subia o tom de otimismo à medida em que avançava. “Está na hora de o Brasil se unir para voltar a crescer”, finalizou.

O programa do PT teve início em seguida, com uma breve reapresentação dos indicadores sociais alcançados durante os 12 anos à frente do governo federal. Ao longo dos 11 minutos, o vídeo oscilou entre a argumentação de que o segundo mandato de Dilma será muito melhor que o primeiro e o oferecimento de ideias contra alguns dos temas econômicos que vêm sendo abordados por Aécio – e que também eram explorados por Campos.

O texto lido pelos locutores apresentou a visão de que a crise internacional iniciada em 2008-09, tida como a maior da história, não chegou a afetar os brasileiros de maneira individual, e garantiu que o país está ingressando em um novo ciclo. “Você não pode se abater por uma dificuldade”, foi a primeira fala de Dilma no horário eleitoral. “O Brasil conseguiu duas coisas importantíssimas. Evitou que a crise internacional estivesse porta adentro da casa das pessoas e também não interrompeu o grande ciclo de mudanças que vinha desde o governo Lula.”

Ela recordou que, no Brasil, foram criados milhões de empregos – 20,2 milhões desde 2003 e 4,8 milhões de 2011 e 2013, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego – embora tenha admitido que o ritmo de crescimento da economia foi afetado. Ainda na seara econômica, Dilma voltou a mandar um recado aos oponentes: “Quem é pessimista não dá um primeiro passo. O pessimista é eminentemente alguém que desistiu antes de começar.”

O programa da petista passou então a apresentar aspectos do governo constantemente abordados em eventos ao longo destes quatro anos: Pronatec, Minha Casa, Minha Vida e a exploração da camada de pré-sal do petróleo, além de uma série de obras de infraestrutura. “Você plantou o que vai colher no segundo mandato. E tem mais coisas a plantar”, defendeu a presidenta.

A exemplo do que havia ocorrido na inserção exibida no rádio, pela manhã, o programa na TV trouxe Lula como fiador da candidatura de Dilma. “O meu segundo mandato foi melhor que o primeiro. Com Dilma, tenho certeza de que vai ser assim”, argumentou. “Já imaginou o prejuízo que o país teria sofrido se eu não tivesse um segundo mandato? Sei que, naquela época, muita gente votou em mim sem ter convicção de que estava satisfeito.”

A propaganda eleitoral está dividida em dois blocos diários. Nas rádios, a transmissão irá das 7 horas às 7h25 e das 12 horas à 12h25. Na televisão, o primeiro bloco se inicia às 13 horas e vai até 13h25 e, à noite, a propaganda é retomada das 8h30 até 8h55. Terça-feira, quinta-feira e sábado estão destinados à propaganda de candidatos à presidência, e segunda-feira, quarta-feira e sexta-feira às campanhas estaduais.