Aumenta rejeição a Renato Feder na Secretaria de Educação de Tarcísio em SP
Secretário do governo do Paraná e indicado por Bolsonaro para o Ministério da Educação em 2020, o empresário dono da Multilaser chegou a defender a extinção do MEC
Publicado 21/11/2022 - 14h35
São Paulo – A rejeição ao empresário Renato Feder para comandar a Secretaria da Educação no governo do bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) no estado de São Paulo é cada vez maior. O secretário do governo do Paraná já aceitou o convite. Em 2020, o empresário dono da Multilaser foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para assumir o Ministério da Educação (MEC) após a saída de Abraham Weintraub e a desistência de Carlos Decotelli. Feder, porém, sucumbiu à enorme pressão e acabou tendo de recusar.
O Movimento Escolas em Luta abriu petição on-line contra a nomeação do empresário. Para o grupo, pesa contra a escolha do governador o autoritarismo de Feder, sua defesa da privatização da educação por meio de organizações sociais. No Paraná, foram 27 escolas públicas com gestão transferida a empresas.
Além disso, o movimento chama atenção para ampliação do sistema de aulas remotas. A estratégia foi usada para manter o baixo número de professores contratados e os contratos com empresas privadas de educação. Outra crítica é para a ampliação das escolas militares no Paraná.
Clique aqui para acessar a petição.
A deputada estadual Professora Bebel (PT), que preside o sindicato dos professores da rede estadual paulista (Apeoesp), criticou a escolha. “A educação pública do estado de São Paulo pode sofrer um enorme retrocesso no próximo ano, sob o comando do novo secretário Renato Feder. Vamos ficar atentos às ações dessa gestão para evitar que o ensino público estadual sofra ainda mais”, disse. Para ela, é preocupante o viés privatista, de acelerar a transferência da gestão das escolas para a iniciativa privada.
O deputado estadual Carlos Giannazi (Psol) também criticou. “Ampliação das privatizações e militarização do ensino, precarização nas contratações, falta de diálogo e conflitos com servidores. Assim é a atual gestão de Renato Feder no Paraná.”
Ampliação das privatizações e militarização do ensino, precarização nas contratações, falta de diálogo e conflitos com servidores. Assim é a atual gestão de Renato Feder no Paraná. pic.twitter.com/BcfkMHHpPI
— Prof Carlos Giannazi (@carlosgiannazi) November 21, 2022
O deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) também criticou o perfil privatista de Feder e destacou a defesa que o empresário fez de fechamento do Ministério da Educação (MEC).
DEPLORÁVEL a escolha de Tarcisio para Secretaria de Educação. Renato Feder é um privatista sem freios que no Paraná passou quase 200 escolas estaduais para iniciativa privada sem licitação, muitas delas em modelo civil-militar. Ele já defendeu, por escrito, até extinção do MEC!
— Ivan Valente (@IvanValente) November 20, 2022
‘MEC deve ser um guichê’, defende secretário de Tarcísio
O parlamentar se refere ao olhar estritamente empresarial sobre a educação pública defendida pelo escolhido pelo governador bolsonarista de São Paulo. No livro Carregando o Elefante – Como Transformar o Brasil no país mais rico do mundo, os autores, Feder e Alexandre Ostrowiecki – seu sócio no livro e nos negócios – têm a pretensão de ensinar o caminho das pedras para o enriquecimento do país. E nas lições que pretende dar, a educação deve ser reduzida a mercadoria.
Para o novo titular, o Ministério da Educação deve ser um órgão que se ocupe somente em comandar o programa nacional de vouchers e os sistemas de testes e ranqueamento das escolas e universidades.
Ou seja, em vez de elaborar e executar a política nacional de Educação, articulando todo o sistema educacional brasileiro, desde a infantil até profissional e tecnológica, o ministério que agora vai comandar deve apenas se tornar um guichê. Nesse balcão, seriam comprados e distribuídos os tíquetes para os pais pagarem a escola de seus filhos.
Com 3,5 milhões de alunos e 210 mil docentes, a rede pública paulista enfrenta problema com a falta de professores. Há nove anos não há concurso público. Fora o déficit, a rede acelerou a expansão do ensino integral, modelo que demanda mais profissionais.
Redação: Cida de Oliveira