Sem educação

Danilo Dupas deixa presidência do Inep, órgão responsável pelo Enem

Dupas abandona organização do exame a quatro meses da prova. Nomeado no início de 2021, ele só se mantinha no cargo por causa das relações pessoais com o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro

Arquivo/Presidência da República
Arquivo/Presidência da República
Saída de Dupas (direita) é mais um descaso do governo Bolsonaro com a Educação, segundo críticos

São Paulo – O Ministério da Educação (MEC) divulgou nesta quarta-feira (27) a saída de Danilo Dupas Ribeiro da presidência do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão é responsável, entre outras coisas, pela realização do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. Por meio do Twitter, o órgão vinculado à pasta da Educação informou que Carlos Eduardo Moreno Sampaio assumirá, interinamente, a partir de agosto.

Servidor de carreira da própria instituição, Moreno é doutorando em Educação pela Universidade Católica de Brasília e mestre em Estatística pela Universidade de Brasília (UnB). Atualmente, é diretor de Estatísticas Educacionais da autarquia.

Segundo a publicação, a saída de Danilo Dupas Ribeiro ocorre a seu próprio pedido. “O MEC agradece a condução à frente do Inep e reforça que Moreno dará continuidade ao trabalho realizado.”

Nomeado em fevereiro de 2021, Dupas era presidente do instituto quando, semanas antes da aplicação do Enem, 37 servidores pediram demissão coletiva. O grupo denunciou má gestão e falta de comando para a decisão. Dupas foi mantido no cargo pelo então ministro da Educação Milton Ribeiro, com quem mantém relações pessoais.

Saída do Inep perto do Enem

Na época, Ribeiro alardeou que Dupas tinha mais de 20 anos de experiência no setor educacional, já havia trabalhado como professor nas áreas de gestão, planejamento e inovação, e atuado como gerente administrativo no Fundo MackPesquisa, do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM)”.

Milton Ribeiro, que é pastor evangélico, foi preso em 22 de junho, em Santos, em investigação da Polícia Federal que apura o envolvimento dele e de outros dois religiosos, Arilton Moura e Gilmar Santos. Eles são acusados de operar esquema de desvio de recursos do MEC mediante pagamento e propina por prefeituras. Em áudio vazado, Ribeiro chegou a dizer que operava a mando do presidente Jair Bolsonaro.

A deputada estadual de São Paulo Professora Bebel (PT), que preside o sindicato dos professores da rede estadual (Apeoesp), criticou a saída. “A menos de quatro meses do Enem, presidente do Inep deixa o cargo. É a quinta mudança sob o governo Bolsonaro. A educação no país está cada vez mais desvalorizada, infelizmente!”

A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) também criticou a troca do comando do instituto, tão perto da realização da prova que seleciona alunos para o ensino superior federal, parte da rede estadual e privada e até estrangeiras.