Sem máscara

Casos de covid-19 em escolas de São Paulo aumentam em duas semanas, mostra Apeoesp

De acordo com levantamento da Apeoesp, são 362 casos confirmados entre professores, alunos e demais funcionários de 55 escolas, entre 11 e 30 de maio

Ag. Senado/Reprodução
Ag. Senado/Reprodução
"Dentro das unidades escolares, essa retirada das máscaras, a gente sabe como é o contato dos jovens, das crianças, e por isso a transmissão é muito mais rápida e muito fácil", observa a Apeoesp

São Paulo – O número de casos de pessoas infectadas pelo coronavírus voltou a crescer em vários estados brasileiros. Em São Paulo, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, nas últimas duas semanas houve aumento de 60% no número de novas internações pela covid-19. Essa alta tem causado preocupação entre os professores. Levantamento inicial feito pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) mostra que, do dia 11 até ontem (30), foram contabilizadas 55 escolas espalhadas pelo estado com 362 casos de covid-19 entre professores, funcionários e alunos afastados por estar com a doença.

O secretário-geral da Apeoesp, Leandro Alves Oliveira, comenta que o sindicato tem feito um monitoramento dos casos de covid desde fevereiro, quando as aulas voltaram a ser presenciais. E que o número de infectados vem crescendo desde então.

“Em todas as etapas fizemos campanhas, lutamos pela vacinação dos professores e dos estudantes, e a gente sempre está acompanhando. Agora, dentro das unidades escolares, essa retirada das máscaras, a gente sabe como é o contato dos jovens, das crianças, e por isso a transmissão é muito mais rápida e fácil. E a gente tem percebido de fevereiro, quando começou as aulas, para cá, o aumento gradativo de casos de covid entre estudantes, professores e funcionários da escola”, descreve. 

Ambiente de proliferação

Professora e coordenadora da subsede Osasco da Apeoesp, Ana Lima relata que, na região, já subiu para 14 o número de escolas com casos confirmados de contaminação por coronavírus. De acordo com a professora, apesar disso, continua tudo igual. Há poucos funcionários para higienizar toda a escola, e as salas estão lotadas. Sem o uso obrigatório de máscara, estabelecido pelo ex-governador João Doria (PSDB), a proliferação do vírus é maior, indica.

“As escolas têm em média um ou dois funcionários por período para limpar uma escola com 15 a 17 salas de aula. E tem mais a sala de professores, banheiro do aluno e do professor, sala do diretor. Então assim, não há higienização, esse é um dos fatores principais. E as salas estão extremamente lotadas. O ensino médio funciona com 45 alunos por sala de aula. E o ensino fundamental com 40 alunos por sala”, observa a professora.

Ana Lima diz que muitos alunos estão com apenas uma dose da vacina ou sem nenhuma dose. “Em janeiro, o governo (estadual) pegou o comprovante de vacinação de funcionários e professores e disse que, em abril, pegaria o comprovante dos alunos para dar tempo dos pais se ajeitarem. Só que esse comprovante não foi pedido e há muitos alunos que tomaram uma dose ou até nem tomaram a vacina. Muita gente está com ciclo de vacinação incompleto entre os alunos.”

Sem protocolos

Ainda há, conforme avalia, um jogo de empurra-empurra sobre a responsabilidade de fechar ou não as escolas quando aumentarem os casos de contaminação. “Hoje eu parei nas salas e expliquei o que era vigilância sanitária. Só que você não tem legislação para essa cobrança”, acrescenta a professora.

Esse comportamento, de apenas afastar o professor, funcionário ou aluno das aulas está sendo realizado em todas as escolas estaduais, de acordo com a Apeoesp. O secretário geral comenta que a partir desse aumento expressivo no número de contaminados dentro das escolas, o sindicato pressionará a Secretaria de Educação e as prefeituras de São Paulo. 

“Agora, eu não sei se é uma indicação das diretorias de ensino, da secretaria estadual de educação, de não estar divulgando. No estado inteiro não estamos vendo nenhuma política com relação a isso. Essa semana, provavelmente, a Bebel, nossa presidenta e deputada estadual, conseguirá uma reunião na secretaria de Educação. Até o final da semana teremos a confirmação dela. E vamos levar essa pauta para discutir com a secretaria para que tome providência ou que trate isso com mais seriedade e respeito aos nossos estudantes, professores, funcionários de escolas e com toda a população em geral”, afirma o sindicato.

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