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Esperançar de Paulo Freire é também ir à luta nessas eleições, defende educador

Em live promovida pela CNTE, especialista em educação pede que a sociedade conjugue o verbo esperançar de Paulo Freire nas urnas para mudar o Brasil

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Paulo Freire disse que morreria feliz com o Brasil cheio de marchas: A dos que não têm escola, dos reprovados, dos que querem amar e não podem, que recusam a obediência servil e dos que se rebelam

São Paulo – Um dos ensinamentos de Paulo Freire (1921-1997) mais difundidos atualmente é que a esperança de todos seja a do verbo esperançar. Nessa perspectiva, em vez de aguardar os acontecimentos passivamente, com a esperança de que algo aconteça por si só, é preciso ir à luta e então ter esperança na vitória. Para o educador José Paulino Peixoto Filho, a hora é de esperançar. “Como conseguimos permitir por quase quatro anos uma ratazana cortando recursos da escola pública, persguindo educadores? O esperançar de Paulo Freire agora é nas urnas. É hora de exercitar essa ideia do esperançar na luta”, disse durante live da CNTE na noite desta sexta-feira (29).

Peixoto Filho foi o convidado da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação para o evento de encerramento da 23ª Semana Nacional de Defesa e Promoção da Educação Pública, que teve como tema “Paulo Freire vive em cada educador brasileiro que luta por educação de qualidade na escola pública”.

“Em uma de suas últimas falas públicas, o educador Paulo Freire disse que morreria feliz se visse o Brasil cheio de marchas em seu tempo histórico. A marcha dos que não tem escola, a marcha dos reprovados, dos que querem amar e não podem, dos que recusam a obediência servil, dos que se rebelam, dos que querem ser e estão proibidos de ser. Nós estamos vivenciando esse tempo na prática. É o tempo das marchas, tempo de ir as ruas contra o genocídio de mais de meio milhão de mortos por causa de uma política pública”, lembrou o educador.

Em sua participação, Peixoto Filho destacou a concepção de escola para Paulo Freire, que deve ser centro irradiador da cultura popular não para consumi-la, mas para recriá-la, além de espaço de organização política das classes populares. “Por isso que a escola é tão atacada, é tão disputada por esses movimentos fascistas, pela ‘escola sem partido’ que tem partido, o partido do fascismo, da negação da educação”.

“Para Paulo Freire, a escola é um centro de ensino e aprendizagem, de debate de ideias, e não um lugar de transmissão. É um lugar de defesa da vida, da cidadania e de todas as formas de inclusao. Os professores que assumem essa presença de Freire no de chão de fábrica da escola precisam vivenciar isso, não só em palavras, mas em gestos, práticas e ações. Manter viva a pedagogia da esperança que nos convoca a ter esperança do verbo esperançar, que é estar na luta, usar o espaço escolar para construir junto a educação pública transformadora, emancipatória e humanística.”

Escola pública, democrática e emancipatória sempre fez partes dos ideias de Paulo Freire como lembrou Peixoto. Foi assim ao iniciar sua vida profissional em 1947, junto aos trabalhadores da indústria, ao fazer uma opção pela classe trabalhadora no processo de alfabetização e combate ao analfabetismo. E também ao criar o serviço de extensão cultural na então Universidade do Recife, atual Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no início dos anos 1960.

“A intenção de Paulo Freire era que a universidade fosse espaço ao povo, para a universidade dialogar com os movimentos sociais, culturais, de prática da liberdade, da inclusão social, autonomia e ato político. Por isso ele é referência na prática dos educadores.”

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